Mãe chata
Você é uma chata! Será que alguma mãe já ouviu essa expressão saindo daquela boquinha linda do seu filhote? Se não ouviu, provavelmente um dia ouvirá.
Na minha desafiadora, bela e abençoada missão de mãe, já ouvi essa expressão tantas vezes que já perdi as contas. Na primeira vez, confesso que fiquei um pouco chateada, mas, com o tempo, percebi que realmente as mães, em sua grande maioria, são consideradas chatas.
Mãe é chata quando chama atenção do filho para comer mais frutas e verduras; quando diz não para o doce antes da refeição principal; quando fala de 5 em 5 minutos para escovar os dentes; quando pede para desligar a TV, celular, entre outros dispositivos eletrônicos por já ter ficado tempo demais na frente de tais equipamentos; quando lembra que a criança precisa fazer as tarefas da escola, tomar banho, arrumar a cama, guardar os brinquedos espalhados pela casa; colocar a toalha para secar... Ufa...São tantas coisas que as mães precisam cobrar/ensinar que sempre são consideradas as vilãs e chatas do lar.
Hoje, quando sou chamada de chata por minha filha de 11 anos de idade, às vezes dou de ombros; outras vezes digo: “faz parte do meu papel de mãe”, e, em algumas situações, emendo: “quando você for adulta, vai me agradecer por ter sido chata.”
Eu mesma, quando criança e mais ainda na fase da adolescência, falava para minha mãe: “você é chata!”, Porém, não esbravejava tal frase com a frequência e ênfase que escuto hoje em dia; falava baixinho, até de forma abafada. Por que será? Porque tínhamos medo da reação de nossas mães; de receber umas palmadas ou uma olhada daquelas bem tortas, que eram sentidas como uns tapas. Eram outros tempos!
Hoje em dia, vemos que as crianças possuem mais liberdade na relação mãe versus filhos, porque vivem num outro tempo e as mães também. Assim, acredito que os filhos estejam mais corajosos para “enfrentar” suas mães, opinar, discordar e até soltar desabafos como: “você é uma chata”. E as mães dessa geração aprenderam – me incluo nessa – a ser mais tolerantes com cada situação do dia a dia em relação aos comportamentos dos filhos, mesmo agindo com firmeza nas ocasiões necessárias, porque acredito que estabelecer esse laço de proximidade e paciência faz toda diferença na criação dos pequenos.
Eles ainda vão nos chamar de chatas em vários momentos, porque nosso papel é esse: educar, orientar, falar alguns (ou muitos) nãos, mas acima de tudo AMÁ-LOS INCONDICIONALMENTE e estar sempre prontas para segurar em suas mãos nos caminhos da vida.
Quando estiverem adultos, assim como eu ou você, leitor, eles agradecerão pela mãe chata que os educaram. E passarão para frente tais ensinamentos. Olhando para trás, penso: “ainda bem que fui educada por uma chata”. No meu caso, duas chatas: minha mãe e minha falecida avó.