MOTIVAÇÃO - Você conhece a história do Fabiano Gonçalves Pereira?

17/04/2017

A ficção, por várias vezes, tentou nos apresentar um modo de ficarmos invisíveis diante da sociedade. Seja pelo efeito de alguma poção mágica ou poder sobrenatural; mas o que nenhum filme conseguiu retratar, é a invisibilidade de alguns personagens que, quase sempre, passam despercebidos aos olhos durante o dia a dia.

Fabiano Gonçalves Pereira, 30, é o personagem de um drama que, mesmo não parecendo, é comum pelas ruas. O nome desta trama é: “a vida e a luta contra as drogas”.

 

O começo - O papel das drogas na vida de Fabiano Pereira começa como coadjuvante, quando ele ainda tinha seis anos de idade. Em determinado momento daquela fase, o pequeno garoto teria o primeiro contato com as drogas. A vítima em questão foi seu pai, morto no Paraguai, graças ao tráfico de entorpecentes.

Dez anos depois, Pereira teria mais um encontro com a droga, mas, desta vez, era o começo de um processo de retardamento, espelho dos efeitos do tetraidrocanabinol (substância psicoativa da maconha), no cérebro de Fabiano.

Não demorou muito tempo para o jovem ser apresentado a outros tipos de tóxicos. Em uma festa de rodeio, outra vilã, a cocaína, entra na trama como sinônimo de felicidade. “Um 'companheiro' disse que a cocaína me deixaria eufórico e feliz”, disse Pereira.

Neste momento, o filme da vida real começa a perder sua trilha sonora, seguindo com uma sinfonia de silêncio que impedia Fabiano de ouvir as pessoas que o alertavam.

 

O meio - A “droga da balada” (nome usado por Fabiano para se referir à cocaína), causaria grandes impactos na sua vida e de seus familiares. “Graças à cocaína, tive um início de overdose. Naquele dia, se minha mãe não tivesse me encontrado no banheiro, provavelmente, eu não estaria aqui”, contou Fabiano. “Com a droga, algumas coisas foram se perdendo, como a confiança, o respeito pela sociedade, a família...”, falou.

Mesmo com a triste cena daquele dia no banheiro, Fabiano não deixou as drogas; pelo contrário, trouxe para perto de si a pior ou a mais devastadora de todas elas: o crack.

“O crack é a droga do solitário, do egoísta. É a que acaba mais rápido, e a que mais te deixa fissurado; por isso, que é uma das mais perigosas”, afirmou Fabiano.

Naquela parte da trama, Fabiano começava a ficar transparente nas ruas; pedia dinheiro e manipulava pessoas com mentiras, para conseguir manter o vício. Deixou necessidades básicas de lado por conta da droga. “As pessoas me viam e atravessavam a rua para não cruzar comigo”.

 

O recomeço - Fabiano ficou durante 14 longos anos tendo a droga como sua companheira. Nesse período, foi preso, endividou-se com traficantes, deixou de pagar a pensão de seu filho e usou de tudo; chegou até a ficar em situação de rua.

Certo dia, Fabiano estava na rodoviária de Sertãozinho, quando ficou sabendo de um lugar que auxiliava pessoas que se encontravam em situação de rua. Interessou-se e, mesmo sem saber o endereço, conseguiu se localizar e encontrar o Centro POP. Lá, pôde comer, tomar banho e conversar com profissionais capacitados para ajudarem da melhor forma os interessados em mudar de vida.

Fabiano encontrou antigos colegas de drogadição e da vida nas ruas, que também tentam voltar a serem visíveis para a sociedade. A partir desse dia, a vida de Fabiano começou a mudar novamente.

Entre internações e recaídas, Pereira foi conseguindo se livrar das substâncias que o impediam de ser feliz. Hoje, ele já está há seis meses sem usar qualquer tipo de droga, e pôde contar para os usuários dos serviços do Centro POP suas experiências e como conseguiu dar a volta por cima. Conquistou a confiança de sua mãe, com quem mora atualmente, e conta de forma descontraída que já até possui uma cópia da chave de casa.

Mas, para Fabiano, sua maior conquista foi conseguir cultivar e melhorar sua relação com o filho. “O desafio do ser humano é reencontrar o eixo da vida”, concluiu o personagem principal e, agora visível, dessa trama.

 

O Centro POP - Inaugurado no ano de 2014, o Centro POP atende, em média, 60 pessoas por dia, entre moradores de rua e indivíduos que comparecem ao local para realizar outras atividades, como a prática de esportes, por exemplo.

São oferecidas atividades como banho, lavagem de roupa, entrega de kits de higiene e oficinas socioeducativas. Os usuários do Centro POP ainda recebem três refeições por dia.

A secretária de Assistência Social e primeira-dama, Tatiane Cristina Pereira Guidoni, falou sobre a importância do local, que auxilia várias pessoas necessitadas. “O Centro POP tem papel muito importante junto à população que vive em situação de rua, pois oferece serviços que têm como objetivo tentar reinserir essas pessoas junto à sociedade, além de disponibilizar ações que incentivam o tratamento para a dependência química (já que a maioria desse público está mais vulnerável), aulas de artesanato, auxílio de equipe composta por pedagogo, assistente social e psicóloga, entre outras iniciativas, como oferecimento de alimentação, doação de roupas, banho; tudo pensando em mudar e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”, afirmou.

Ainda segundo a primeira-dama, o exemplo dado pelo Centro POP e por Fabiano pode inspirar e motivar outras pessoas a buscarem um recomeço. “Tudo isso acaba dando um incentivo, para que essas pessoas possam buscar uma mudança de vida e até retomarem vínculos rompidos com a família e a sociedade, como o Fabiano, que é um exemplo dessa mudança, que foi obtida através do Centro POP. Então, para nós, a melhor recompensa é saber da recuperação de pessoas que passaram pelo local e, hoje, estão tendo uma vida melhor”, finalizou Tatiane. (Assessoria de Comunicação PMS)