Mulheres & Política
Estamos a 103 dias do pleito eleitoral e temos um grande sonho: que o número de mulheres candidatas aumente consideravelmente, uma vez que as mulheres são 52% do eleitorado. Portanto, teoricamente elas têm um grande poder decisório. Mas podemos nos perguntar por que tão poucas mulheres se candidatam. Várias respostas são possíveis, desde o machismo que acompanha a civilização, como, por exemplo, os maridos ou namorados que não permitem ou, ao contrário do que se imagina, os políticos “políticas” de todos os níveis trabalham muito e nossa sociedade aceita que o homem “abandone o lar” para trabalhar, mas penaliza as mulheres que se dedicam mais às suas carreiras em qualquer campo do que os homens.
Ainda não estamos prontos para ver com bons olhos as mulheres que trabalham mais e têm salários superiores aos dos seus maridos. Muitos partidos políticos tentam enganar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para burlar a lei de cotas e, além disso, desviar o dinheiro que deveria ser para as candidatas mulheres, destinando essa verba aos candidatos masculinos. Apesar disso, sempre tivemos verdadeiras heroínas que se lançam candidatas contra tudo e contra todos.
Sertãozinho conta com várias dessas heroínas e tivemos uma prefeita, inclusive. Sabemos da luta das mulheres, que não é nacional, mas mundial. No Brasil, as mulheres conquistaram o direito ao voto e se elegerem no programa eleitoral de 1933. E esse direito foi confirmado na constituição de 1934. E, pasmem, além da avançada data de direito ao voto, tempos atrás as mulheres só podiam se restringir à cozinha ou ao quarto, sendo proibidas de participar de qualquer reunião entre seus maridos com outras pessoas.
Passaram por muita luta e muita humilhação até conseguirem o direito ao voto. É bom lembrarmos que sempre houve exceções, como as mulheres anarquistas que tiveram várias lutas no Brasil e no mundo. Aqui no Brasil, houve a famosa colônia Cecília. No campo das artes, sabemos das lutas das mulheres contra a escravidão dos africanos no Brasil. No teatro, grandes escritoras escreveram papéis para que mulheres fossem protagonistas e servissem de exemplo para as pessoas que assistiam às peças.
Na televisão, Janete Clair criou fortes personagens femininas, mostrando às mulheres que havia vários caminhos para a libertação contra o machismo. É preciso lembrar também que a industrialização foi um forte estímulo para que as mulheres saíssem para trabalhar fora de casa. Aqui, se fazem necessárias algumas observações: como as mulheres pobres sempre trabalharam fora de casa, e quase sempre criaram seus filhos sem ajuda de seus “maridos”?
Com a industrialização já citada e a modernização da sociedade, tornou-se necessário, para o sistema capitalista, que também as mulheres de classe média saíssem para trabalhar fora de casa. E aqui cabe uma curiosidade: as mulheres mais pobres foram as pioneiras em trabalhar fora de casa. Mesmo que por questões de necessidade, não podemos deixar de homenageá-las de alguma forma. Nesse contexto, surge o que podemos denominar as ondas feministas. A primeira onda, como não poderia deixar de sê-lo, era radical e, ao nosso ver, discriminatório contra a mulher que quisesse continuar trabalhando dentro de casa para o seu marido.
Felizmente, houve progressos e hoje sabe-se que o trabalho em casa, tanto para homens quanto para mulheres, é muito importante para a família, pois feministas fizeram as contas e chegaram à conclusão que, se um homem tivesse que pagar para alguém os trabalhos domésticos, sairia muito caro. Há quem acredite que as empresas deveriam remunerar as pessoas que trabalham em casa, para que os parceiros/parceiras possam estar prontos para trabalhar no outro dia. Como vimos, há ainda uma longa luta para homens e mulheres feministas no sentido de libertar a ambos e conseguir melhores condições de vida para sustentar e dar afeto ao futuro do Brasil, que são os seus filhos.
Prof. Egydio Neves Neto
Prof. Renata Neres