Mulheres que fizeram a história de Sertãozinho na política

15/03/2022

8 de março, Dia Internacional da Mulher.

Quem poderia imaginar que Sertãozinho, até hoje, teria uma única prefeita e apenas 12 vereadoras? A triste realidade é que a mulher ainda não ocupa grande espaço na política da cidade. Por que será?

Bem, a partir dessa curiosidade, fomos conhecer as pioneiras. Entramos em contato com a família das duas primeiras, que não estão mais entre a gente. Já a 3ª vereadora e única prefeita, com mais de um mandato no Legislativo, falou com a gente. Na penúltima câmara, ela estava lá, com seus quase 80 anos.

 

Saiba quais foram as vereadoras:

1ª) Marina Furlan Oberg

2ª) Ernesta Sichieri Volpe

3ª) Maria Neli Tonielo Mussa

4ª) Ana Paula Soares da Silva

5ª) Dalva dos Santos Carvalho

6ª) e 7ª) Maria Zeferina R. Baldaia e Rita de Cássia Tonielo

8ª) Maria Célia Ramos

9ª) Márcia M. de Souza Perassi

10ª) Cássia G. Soares Danese

11ª) Maria José Pereira

12ª) Edna Fedossi de Souza G. da Costa

MARINA FURLAN OBERG

Idade?

Quando foi vereadora, tinha 34 anos aproximadamente.

 

Qual a formação?

Normalista/professora.

 

Qual foi intenção dela ao entrar na política?

Dar atenção às questões relacionadas às mulheres, família, crianças e educação.

 

Qual a profissão?

Antes de ser vereadora, trabalhava como escrivã no Fórum de Justiça em São Paulo. Depois, dedicou um tempo para cuidar dos filhos e, quando a filha menor fez 11, anos foi trabalhar como guia de turismo.

 

Ela sofreu muito preconceito?

Não sei dizer ao certo, mas ela comentava que não a levavam muito a sério.

 

Ela tentou a reeleição?

Não acredito, porque teve uma filha durante o mandato.

 

Já se passaram 30 anos e, no total, temos apenas 12 mulheres eleitas até hoje. Você sabe comentar alguma coisa sobre isso como filha dela?

Já se passaram mais de 50 anos da eleição dela como primeira vereadora de Sertãozinho. Acredito que, hoje em dia, mais mulheres se interessam e têm possibilidade de se candidatar. Entretanto, as duplas ou triplas jornadas de grande parte das mulheres, que conciliam cuidados com filhos, família e profissão, muitas vezes prejudicam que elas tenham tempo disponível para se dedicar à política.

 

Na família dela já existia alguém que fazia parte da política?

Sim. Ela tinha um irmão deputado e seu pai já havia sido vice-prefeito.

 

Teve algum incentivo familiar?

Sim. A família tinha esta tradição de participar politicamente das discussões da cidade e região.

 

Quais as dificuldades e provações como vereadora?

Acredito que, por ser jovem e mulher, teve dificuldade para se impor e fazer respeitarem suas ideias.

 

Existe algum projeto que ela conseguiu na época?

Ela comentou que fez projetos para capacitação profissional de mulheres, mas que tinha dificuldade que os demais vereadores considerassem relevantes.

 

ERNESTA SICHIERI VOLPE

Idade

62 anos quando foi eleita.

 

Qual a formação?

Escola Normal.

 

Qual a profissão?

Professora primária. Aposentou-se como professora do então Grupo Escolar Prof. Anacleto Cruz.

 

Qual foi a intenção dela entrar na política?

Sempre foi envolvida com Sertãozinho. Benfeitora e muito empenhada em obras de caridade, fundou a Obra do Berço Menino Jesus.

Como ex-professora de muitos que se tornaram vereadores e prefeitos, foi convidada pelos membros do partido MDB, ainda durante a ditadura militar, para trabalhar pelos mais necessitados, agora na Câmara Municipal.


Ela sofreu muito preconceito?

Acredito que não. Era muito respeitada por todos os políticos da época, até porque muitos eram seus ex-alunos. Foi a primeira vereadora eleita na Câmara de Sertãozinho.

 

Ela tentou a reeleição?

Não.


Na família dela, já existia alguém que fazia parte da política?

Sim. O irmão Egisto Sicchieri foi prefeito de Sertãozinho por dois mandatos; outro irmão, Arlindo Sicchieri, e seu cunhado Octávio Verri foram vereadores.

 

Teve algum incentivo familiar?

Seu filho mais velho, Mirinho Volpe, era atuante na política municipal e no partido MDB, e ele a incentivou a se candidatar.

 

Existe algum projeto que ela conseguiu na época?

Como já faz muito tempo e ela é falecida, não temos mais memória de seus projetos. No entanto, acreditamos que seja possível recuperá-los nos arquivos da Câmara Municipal.

 

MARIA NELI MUSSA TONIELO

Idade

80 anos.

 

Família

Casada, 6 filhos, 12 netos e 2 genros.

 

Histórico

Quando fui presidente do hóquei da Ortovel, os pais dos meninos pediram para que saísse candidata. Sou empresária e dona de casa, e, na época, infelizmente já havia muito preconceito. Na reeleição, entrei pra vice-prefeita de um vereador da época. Com os diversos preconceitos atuais, as mulheres ainda têm receio da política. O meu sogro foi o primeiro vereador da Câmara Municipal e isso foi um incentivo pra mim. Foi muito difícil a primeira vez como vereadora, pois, infelizmente, existia muito mais dificuldade para se fazer, devido, justamente, ao preconceito. Na época, era atendido muito requerimento. Portanto, a maioria dos vereadores fazia os requerimentos e um dos que fiz foi possibilidade de colocar a Delegacia da Mulher. Quando fui prefeita, concretizei esse feito.