AMÉRICO PERIN
Artigo muito interessante e tratado à luz de uma pessoa ligada à área da saúde, a Tenente Coronel CYBELE Belschansky, da Força Aérea e minha colega, cronista no programa semanal “CONEXÃO AVFAB”, levado ao ar pela rádio WEB, que, para acessar, basta digitar o link: https://www.webradiofrequencialivre.com.br.
O programa vai ao ar todas as quintas feiras às 20 horas e qualquer pessoa pode ligar pedindo música e curtir as crônicas, as dicas de saúde e a entrevista, que sempre traz uma personalidade de relevância, com uma boa história de vida a ser compartilhada.
“O celular ajuda ou atrapalha o desenvolvimento infantil?
O celular é uma ferramenta de muita utilidade. Costuma-se dizer que a pessoa esquece tudo ao sair de casa, menos ele, tal é a dependência desse objeto.
Se a pessoa encarar o celular como objeto que é: computador, relógio, agenda, telefone etc., certamente terá um certo controle da sua vida. Estamos vivenciando um momento muito parecido com o vício das drogas, a total dependência do celular, ou NOMOFOBIA. Pessoas ficam ansiosas se não receberem mensagens pelo WhatsApp, e-mail, se não compartilharem “posts”, se não seguirem alguém na rede social... Aparentemente, o momento social real desapareceu, dando lugar ao digital. Se isso acontece com adultos resolvidos, imagine o estrago que pode acontecer no desenvolvimento psicomotor de uma criança.
Vamos examinar as etapas do desenvolvimento psicomotor de uma criança: de zero aos 6 meses de idade, a criança vai passando dos movimentos espontâneos para os movimentos controlados mais simples, como sentar com apoio, agarrar objetos e colocá-los na boca, erguer a cabeça e rolar. Dos 6 aos 9 meses, ela começa a engatinhar sem apoio, manipular objetos com as mãos, seguir com o olhar e aprende a focar e identificar os sons. Nessa fase, ela inicia o balbucio. Dos 9 aos 12 meses ela já consegue pegar objetos fazendo movimentos de pinça, ela levanta para ficar em pé e anda com apoio, e já emite sons de fala e os pronuncia com significados. Com 1 ano e meio, ela é capaz de comer com colher e andar sem apoio. Aos 2 anos, começa a correr, ficar na ponta dos pés, arremessar objetos e a sua dentição é suficientemente desenvolvida para mastigar alguns alimentos sólidos. Aos 3 anos, ela sobe e desce escadas e já faz perguntas. Aos 4 anos, é capaz de pular num pé só, agarrar uma bola, usar a tesoura, andar de bicicletinha triciclo, ela já tem a maioria dos fonemas da fala e constrói frases mais complexas.
Para que tudo isso se desenvolva naturalmente, é necessário que a criança seja estimulada, que use seus sentidos e que se movimente livremente, além de interagir com outras crianças.
Antigamente, quando uma criança ficava inquieta, o que os pais faziam? Davam-lhe uma chupeta para acalmá-la. Depois, veio a televisão e agora... o celular.
Aparentemente o celular já vem no enxoval do bebê, pois, mal a criança consegue segurá-lo, já está se distraindo com imagens de cores berrantes, músicas repetitivas, personagens sorridentes e monótonos. Mais tarde, o moleque vai pegar os jogos de sangue, matança, mas isso é outro assunto para outra vez.
Ao avistar a tela do celular, a criança deixa de observar o ambiente ao seu redor, deixa de olhar as pessoas, atrasa a fala e apresentará sinais de falta de concentração e um vocabulário mais pobre. Alunos que não conseguem ficar sem celular na sala de aula apresentam baixo rendimento escolar, concentração e criatividade. Presa ao celular, a criança não corre, não cai, não se levanta, não desenvolve habilidades finas e está propensa também à obesidade. São mais ansiosas, dispersas e mais agressivas do que as crianças do período pré-celular.
Devemos, então, banir de vez o celular? Não, claro que não. Somente devemos observar a idade ideal para se dar um celular para a criança. Por qual motivo dar o celular e quando e quanto tempo ela pode usá-lo? Vamos agora dar a palavra aos pedagogos, aos valorosos professores das escolas públicas e até algumas particulares.
Eu não reforço o coro daqueles que abominam qualquer tecnologia. Eu sou da privilegiada geração que passou do sistema mecânico ao eletrônico e ao digital. Porém, os uso com bastante parcimônia. Eu sou defensora das artes manuais, da música e da literatura como uma fonte inesgotável de desenvolvimento pessoal. O desenvolvimento psicomotor e intelectual pode ser afetado sim pela exposição excessiva ao celular e aos games. E relembrando, a dependência é chamada de NOMOFOBIA, que é um transtorno caracterizado pelo medo irracional de ficar sem o celular.”