Beto Bellini
O certo é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo. Errado é errado, mesmo que muitos estejam fazendo. Cresceram ultimamente as manifestações contra a corrupção, mal que atrapalha o correto andamento da economia e do país, de uma forma geral. Apesar de ainda tímida, a mobilização tem se ampliado com a adesão, inclusive, de algumas entidades importantes, ainda não contaminadas pelo problema institucionalmente.
Apesar de ser encontrada em vários níveis, é no dia a dia das pessoas que a corrupção impacta profundamente, com problemas causados pelo superfaturamento de obras, serviços e produtos destinados ao setor público, resultando na falta de recursos para atendimento das necessidades básicas da população. E isso não apenas no âmbito federal, mas também no estadual e municipal.
Porém, não podemos esquecer que existem duas faces da moeda: se alguém é corrompido, existe outro que corrompe. Para ficarmos apenas nas definições encontradas nos sítios de busca da internet, observamos que corrupção significa, etimologicamente, deterioração, quebra de um estado funcional e organizado. A corrupção política é o uso das competências legisladas por funcionários do governo para fins privados ilegítimos. Um ato ilegal por um funcionário público constitui corrupção política somente se o ato está diretamente relacionado às suas funções oficiais.
As formas de corrupção variam, mas incluem suborno, extorsão, fisiologismo, nepotismo, clientelismo e peculato. As atividades que constituem corrupção ilegal diferem por país ou jurisdição. Por exemplo: certas práticas de financiamento político que são legais em um lugar podem ser ilegais em outro. Em alguns casos, funcionários do governo ter poderes amplos ou mal definidos, o que torna difícil distinguir entre as ações legais e as ilegais.
Em todo o mundo, calcula-se que a corrupção envolva mais de 1 trilhão de dólares por ano. A corrupção política manifesta-se por meio do suborno, intimidação, extorsão ou abuso de poder. Acima de tudo, dinheiro que poderia ser gasto na melhoria das condições sociais é desperdiçado.
Outra questão significativa é sobre a divisibilidade dos bens e serviços públicos, por natureza impessoais e indivisíveis. Quer dizer: tem que atender ao interesse de uma imensa maioria para se justificar a ocorrência do fato. De qualquer forma, culturalmente discordamos e repudiamos os atos de corrupção, desde que não sejamos atingidos por eles. Explico: se uso de algo em meu benefício, não é problema e sim solução. Se outro faz o mesmo, passo a criticar aquilo que era natural no momento passado.
Afirmam alguns autores que não existe corrupção política sem haver corrupção social. Primeiro, a sociedade se corrompe para posteriormente corromper o Estado. A corrupção social se apresenta sempre que os indivíduos não possuem desinteresse individual, ou seja, quando não conseguem sacrificar um interesse particular em prol do interesse coletivo. Ao inflacionar o custo dos negócios, a corrupção diminui a disponibilidade de bens e serviços à sociedade. Ao diminuir o jogo capitalista da competição entre empresas, ela também aumenta os custos dos bens e serviços, diminuindo sua disponibilidade aos cidadãos
Os agentes de corrupção impedem o desenvolvimento econômico criando fortes distorções e deficiências no mercado. Por exemplo: as empresas privadas sofrem com o aumento do custo dos negócios em função da necessidade de realizar pagamentos ilícitos exigidos pelos funcionários corruptos, de ter que aumentar a complexidade do gerenciamento em função da necessidade de negociar com os funcionários corruptos, e do risco judicial e à imagem causado por eventual vazamento ou identificação da ilegalidade por não corruptos.
Se associarmos isso à imagem de uma bola de neve que cresce rápida e assustadoramente, não estaremos exagerando. Do mesmo modo, justificar-se dizendo que “todos fazem” e que “sozinho não posso mudar nada” só aumenta as possibilidades do problema perdurar. Novos valores se avizinham, o momento é de mudança.
Prof. Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em administração, membro da ASEL - Academia Sertanezina de Letras - e professor da UNIP RP e do curso de Gestão Empresarial (Administração) da Fatec Sertãozinho. Inscrições pelo site www.vestibularfatec.com.br