AMÉRICO PERIN
Economistas e até pessoas simples do povo mostram grande preocupação com as contas públicas. Alguns dizem que o Brasil caminha a passos largos para uma situação econômica desastrosa. E, pelo que se comenta, é que, talvez, a maior parte dessa situação se deve ao fato de que 56% do que o governo arrecada é direcionado para a previdência social e esse dinheiro é usado, inclusive, para pagar o Bolsa Família. Eu particularmente não sou contra o bolsa família, mas o ideal seria que se criasse uma situação de auxílio imediato para os realmente necessitados, contudo, concomitantemente, criássemos uma condição para que essas pessoas conseguissem ganhar seu próprio sustento, que entrassem no rol dos criadores de riquezas e saíssem da situação de dependentes dela para poderem sobreviver.
O perigo da previdência quebrar é real. Poucos brasileiros estão trabalhando. Você não encontra mais pessoas para trabalhar. São pessoas que só recebem, não produzem riqueza! A grande maioria dessas pessoas recebe dinheiro de lugares diferentes e encontra assim uma maneira de aumentar sua renda mensal, uma vez que lhes falta instrução adequada para conseguirem empregos que paguem mais. Daí fazem bicos e dispensam o registro em carteira, consequentemente baixando a arrecadação da previdência.
Uma sobrinha que era professora numa cidade da nossa região teve sua atenção chamada para a evasão escolar que crescia a cada dia. Preocupada com a situação, convidou a diretora da escola e as duas foram dar uma volta pela cidade logo nas primeiras horas do dia, quando as crianças deveriam estar se encaminhando para a escola.
O que viram explicou tudo. A criançada brincando na rua, enquanto suas mães sentadas nas calçadas tomavam suas cervejinhas e conversavam com as vizinhas. Barriga grande, chinelo de dedo, vestindo saias e sentadas muito deselegantemente, enquanto dentro de suas casas algumas até pagavam uma empregada para cuidar do trabalho que seria seu.
A diretora e a professora desceram do carro e foram muito bem recebidas por mães alegres e felizes, pois todas ali tinham uma vida despreocupada... Seus maridos, quando foram presos, cada um por seu motivo particular, tinham registro em carteira e isso lhes propiciou o auxílio-reclusão, uma renda mais interessante da que tinham como empregados braçais. Ganharam sombra, água fresca e o dia inteiro para jogar conversa fora junto aos seus colegas de prisão. Tinham direito a visitas íntimas que lhes garantiam, vez ou outra, o nascimento de mais um filho, que lhes traria o direito a outra bolsa do governo. Para que encorajar os filhos a estudar?! Para 2025, segundo pesquisa, o salário reclusão é de R$ 1.300,00/mês. Somem-se aí outros benefícios (?!) dados pelo governo e pronto: “estão bem de vida”.
Em setembro de 2024, segundo dados colhidos pelo IBGE, o número de beneficiários do Bolsa Família ainda era maior que o de trabalhadores com carteira assinada em 12 das 27 unidades da federação. Esses dados excluíam o setor público....
Alguns governantes por certo não ouviram ou deram de ombros para a letra de uma das maravilhosas canções interpretadas pelo nosso grande Luiz Gonzaga. Dizia ele: ”Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão. Mas doutor, uma esmola a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.
OBS.: Luiz Gonzaga morreu em 2 de agosto de 1989, aos 76 anos, e a canção “Vozes da Seca” já fazia sucesso desde 1953. A composição é de Zé Dantas, letra e música.