O céu está em festa
A vida é uma caixinha de surpresas. No dia 25 de agosto, em torno das 21h30, eu estava cantando um bingo no Museu Casa da Memória Italiana, e Vera Biagi se emocionou quando falei que os ribeirão-pretanos precisavam conhecer e admirar os nossos patrimônios históricos, visitar o Centro e ter mais amor à cultura. Esta foto de Otavio Leite deve ser uma das últimas registradas na terrinha. Se não for a última.
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Cinco dias após, a queridíssima Vera Lúcia de Amorim Biagi teve um AVC e faleceu domingo, dia 4, às 13h. Nascida em Ribeirão Preto no dia 28 de dezembro de 1945, era filha do médico baiano Henrique Berbet de Amorim, conhecido como Dr. Amorim, e de Alda Luiza Vianna de Amorim, chamada carinhosamente de Dona Aldinha. Era irmã de Álvaro (in memorian), Henrique, João Carlos e Ana Luiza. Casou-se em 21 de julho de 1967 com Maurílio Biagi Filho, com quem teve quatro filhos, Rodrigo, Marcelo, Roberto e Elisa, e oito netos: Lucca, Chiara, Fabrízio, Isabela, Yuri, Beatriz, Bettina e Lorenzo.
Sempre muito discreta e gentil, pautou sua vida pela dedicação à família, aos amigos e às causas sociais. Entre muitas ações relevantes, quando morou na Usina Santa Elisa, na década de 1970, fez um trabalho social transformador com os milhares de colaboradores. Na década de 2000, liderou o projeto Nascentes, que visava à proteção ambiental na antiga Fazenda Baixadão (hoje bairro Jardim Paiva), em Ribeirão Preto. Lá, implantou ações de conscientização com os moradores e a comunidade do entorno, realizou atividades de cunho cultural, como apresentações musicais, desenvolveu um programa de coleta de lixo reciclável e coordenou o plantio de mais de 10 mil árvores.
Apaixonada pelas artes plásticas, cinema, dança e música, apoiou inúmeros projetos culturais, incentivou vários artistas. Em uma visita de Lili e Roberto Marinho em nossa região, pediu para que a Fundação Roberto Marinho viabilizasse a restauração do Theatro Pedro II, pela qual foi homenageada em 2020 com placa de agradecimento na sala dos espelhos. Devemos muito a Vera por este ato!
Na Maubisa, além de ser líder da área de responsabilidade social, dedicou-se com afinco para o processo de reestruturação da empresa e implantação da governança corporativa.
Ribeirão Preto perdeu uma grande Mulher! Perdeu a Arte, a Filantropia, a sociedade como um todo.
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Carta de Maurilio Biagi enviada no domingo aos amigos.
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Hoje, por volta das 13h, me despedi da minha querida Vera e um vazio...
A tristeza, a saudade, a dor e tantos outros sentimentos tomam conta de mim.
Mas a gratidão pelo privilégio de tê-la conhecido e termos sido parceiros por 63 anos é maior.
Construímos uma família linda. Quatro filhos, oito netos e quantas alegrias e coisas boas compartilhadas.
Também agradeço a ela pelos desafios que me ajudou a enfrentar.
Com seu jeito discreto e doce, ao mesmo tempo firme, me ensinou muito, e foi a grande responsável por manter nossa família unida em todos os momentos.
Sempre pronta a ajudar ao próximo, mudou a vida de muita gente, de maneira natural, sem qualquer vaidade, fazendo jus ao versículo bíblico: o que a mão direita faz, a esquerda não precisa saber.
Por tudo isso, apesar da dor da separação física, me conforta saber que partiu quando todos estávamos juntos, cercada de muito afeto.
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Nossos sentimentos!