O mês do cachorro louco
Há quem diga que o nome dado ao oitavo mês do ano, segundo nosso calendário, foi uma homenagem que o imperador César Augusto fez a si mesmo - modesto ele, não? Se for mesmo assim, o nome originou-se no latim “Augustus”, que, até onde eu sei, significa sagrado, consagrado, venerável, elevado.
Contudo, numa ligeira pesquisa sobre curiosidades do século passado, podemos ver que variados acontecimentos históricos nos levam a uma associação de ideias não tão “augustas”. Por exemplo: a Primeira Guerra Mundial, que começou no dia 1º de agosto de 1914; e as cidades de Hiroshima e Nagasaki, que foram atacadas pelos norte-americanos com bombas atômicas nos dias 6 e 9 de agosto de 1945 e cujo resultado foi a morte de mais de 200 mil pessoas no fim da 2ª Guerra Mundial. Sem falar que, em 2 de agosto de 1934, Adolf Hitler se torna o führer (Líder ou Chefe de Estado) da Alemanha; por falar nela, no dia 13 de agosto de 1961, começou a construção do Muro de Berlim, que a dividiu em duas partes; no dia 12 de agosto de 1968, os católicos e protestantes da Irlanda do Norte começaram a se matar em nome de Deus.
Em tempos mais antigos, as mulheres portuguesas evitavam se casar em agosto, porque essa era a época em que os navios de expedição saíam para explorar novas terras, e junto com eles os maridos das moças.
Parece mesmo que, em geral, agosto não é um mês favorável aos presidenciáveis: em 9 de agosto de 1974, o presidente norte-americano Richard Nixon renunciou ao cargo. Dois anos depois, no dia 22 de agosto, aqui no Brasil, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck morreu em um acidente de carro. Falando em Brasil, outros dois fatos foram mais marcantes: num certo agosto, um presidente que havia prometido só sair do poder morto cumpriu a promessa - em 24 de agosto de 1954, o líder populista Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro, em resposta a ataques da oposição. Em outro agosto, houve a renúncia de outro presidente, Jânio Quadros, que esperava um grande clamor popular que o levasse de volta ao governo muito mais fortalecido (deu-se mal)...
E agora, por aqui, neste mês, anunciam-se turbulências.
Bem, de qualquer forma setembro vem vindo e manifestações de caráter político prometem substituir as comemorações... Tomara que não mudem “a tradição” para o mês seguinte...