O RACISMO NOSSO DE CADA DIA
O título lhe causou estranheza? Não; sim; pode ser. Há várias interpretações para a referida expressão e cada pessoa vai ter uma conclusão.
O termo RACISMO, propagado de forma mais constante nos últimos dias em redes sociais, programas esportivos, entre outros meios de comunicação do Brasil e do exterior, em razão dos tristes acontecimentos racistas envolvendo o famoso jogador de futebol Vinícius Júnior, que atua na equipe do Real Madrid (Espanha) e na Seleção Brasileira, está enraizado no dia a dia do ser humano há anos e acontece diariamente, a todo segundo, com milhares de pessoas que têm pele preta (anônimos ou não). Por isso, digo que é o Racismo nosso de cada dia. Nosso, porque, tristemente, está em todos os cantos e ocorre todos os dias ao nosso redor.
O fato de um atleta famoso vir à tona e causar revolta em muitas pessoas, entupindo as redes sociais de hashatgs como #somostodosvinijunior#, #todoscontraoracismo#, entre outras, é um dentre milhares, que nem sequer ficamos sabendo, porque eles acontecem diuturnamente, infelizmente, e nem sempre são denunciados e/ou divulgados pela imprensa.
O caso do atleta teve uma repercussão muito grande no país e no exterior, porque foi televisionado e trata-se de uma figura pública. E aqueles que não são pessoas públicas, como se defenderão? Quem os defenderá? Sabemos que existe Lei em nosso país, que “constitui a prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível, sujeito a reclusão, conforme a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º inciso XLII. Mas ela está respaldando mesmo os milhares de negros e negras que são vítimas desse crime diariamente?
Infelizmente, enquanto você lê esse artigo, alguém está sendo covardemente agredido – física e/ou verbalmente –, às vezes até sendo acusado de crimes que não fez; seguido e perseguido nos corredores de estabelecimentos comerciais; entre outras tantas atrocidades sofridas pelos negros, porque a cor da pele, para algumas pessoas, infelizmente, define e molda o caráter dos indivíduos.
Aonde vamos para com tanta violência em face de seres humanos que são medidos e avaliados pela cor de sua pele? Até quando temos que nos deparar com frases estúpidas, de pessoas que se referem aos negros, como sendo pessoas sujas, desqualificadas, associados a bandidos, entre outras humilhações?
Está na hora de o RACISMO NOSSO DE CADA DIA, ser substituído pelo RESPEITO NOSSO DE TODOS OS DIAS, DE TODOS OS MINUTOS, PARA COM TODAS OS SERES HUMANOS. E isso vai além de hastags que chamam a atenção nas redes sociais. As hastags não vão apagar a dor e o sofrimento de quem foi vítima de racismo das mais diversas formas.
Temos que ter mais ação de fato, para extirpar esse mal da nossa sociedade. Como? Ninguém tem a resposta certeira. Entretanto, acredito que além de denunciar quem pratica esse crime, para ser enquadrado na lei, devemos ensinar nossas crianças com exemplos e ações, para que tratem a todos os seres humanos (brancos, negros, pardos, amarelos, de qualquer nacionalidade, credo, preferência religiosa e sexual), de maneira respeitosa, da forma como gostaria de ser tratado. Penso que já é um bom caminho.
Por: Tatiane Cristina Pereira Guidoni Gimenez – jornalista – MTB: 47.966