OPINIÃO - É hora de colher
Arnaldo Jardim
O Estado de São Paulo, que é o maior produtor nacional de cana-de-açúcar, começa sua nova safra neste mês. As moendas voltam a girar, os caminhões de forma incessante vão e voltam, as cidades se agitam e as pessoas entram em ritmo acelerado.
Serão 70 unidades processando 625 milhões de toneladas de cana, com produção de 33,80 milhões de toneladas de açúcar e 28,10 bilhões de litros de etanol. É o principal produto agrícola paulista, responsável por quase 50% do valor total da produção agropecuária do Estado.
Gera milhares de empregos, sustenta famílias na maioria dos municípios paulistas, vai do setor de logística ao de recursos humanos, da área agrícola à industrial e comercialização. Sua cadeia produtiva compreende aspectos econômicos e sociais. Mas vai além disso. É amigo do meio ambiente, como o etanol, emitindo 70% menos gás carbônico do que a gasolina. É perfeito quando pensamos em problemas como o efeito estufa.
A safra se inicia com o desafio da busca por produtividade agrícola. O setor precisa vencer o desafio da “Cana de Três Dígitos”. Isso significa atingir uma produtividade média superior a 100 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. Hoje, essa produtividade varia de 45 a 115 toneladas. Para alcançar os três dígitos como média, estamos incentivando o uso de novos cultivares por meio do Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), localizado em Ribeirão Preto.
Fomentarmos também a utilização de instrumentos biológicos e outras boas práticas agrícolas como a Matologia, uma estratégia para racionalizar o controle de plantas daninhas. Existem algumas ferramentas já disponíveis que otimizam os resultados.
Um deles é o Ambicana, um programa de classificação de ambientes de produção, que adequa e potencializa a produtividade em função da cultivares e dos ambientes. Também há o PreviclimaCana, que fornece previsões precisas e atualizadas da produção da safra. Além do Biofábrica, que disponibiliza materiais de origens certificadas e com alta qualidade genética e vigor e diagnóstico de doenças.
Mais uma vez, a tecnologia é a arma principal para vencer o desafio da produtividade.
Mas a inovação tecnológica deve avançar também na pesquisa com o etanol de 2ª geração. De acordo com relatório deste ano da Organização das Nações Unidas, o Brasil é o quarto país em capacidade instalada de produção de etanol de segunda geração.
Nós ficamos atrás apenas de Estados Unidos, China e Canadá. Hoje, a capacidade instalada brasileira é de 177,34 milhões de litros, o que representa 12% do total instalado no mundo.
Único país sul-americano a investir neste tipo de tecnologia, o Brasil tem capacidade para produzir 10 bilhões de litros de etanol 2G até 2025. Mas, para isso, é preciso que haja investimentos na adaptação e construção de novas unidades industriais. Ainda, um ambiente regulatório ajustado às circunstâncias e necessidades deste segmento.
É preciso também destacar o potencial que o setor tem em gerar bioeletricidade. Em 2015, a oferta de energia obtida da biomassa teve crescimento estimado de 7%, com um total de geração de mais de 22 TWh, o que equivale ao abastecimento de 11 milhões de residências durante um ano inteiro.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aponta que, em termos de capacidade instalada, a bioeletricidade ocupa quase 10% da matriz energética, atrás apenas das fontes hídrica e fóssil.
Hoje, cerca de 80% da capacidade instalada de geração pela fonte biomassa vêm do setor sucroenergético. Ele emprega o bagaço e a palha da cana para a autossuficiência energética das usinas. Tem ainda promovido um crescimento significativo na oferta de excedentes de eletricidade.
No Estado de São Paulo, o setor sabe que pode contar com as iniciativas do governador Geraldo Alckmin. Cobramos o menor Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do Brasil sobre o etanol hidratado: 12%, desonerou a cadeia da bioeletricidade, temos linhas de credito do FEAP para MPB e por aí vai.
Na Secretaria de Agricultura e Abastecimento, desenvolvemos iniciativas como as Mudas Pré-Brotadas (MPB), que aumentam em até 20 vezes a produtividade. Mantemos o Centro de Cana em Ribeirão Preto para sempre buscar inovações em favor do setor. Nossos pesquisadores e técnicos sabem exatamente o tamanho da importância da cana-de-açúcar.
Ainda no campo da sustentabilidade, o setor é comprometido com o meio ambiente em iniciativas como o Protocolo Agroambiental, assinado em 2007. Ele prevê a extinção da queima da cana ao mecanizar a colheita, põe fim às nuvens de fumaça nas cidades próximas aos canaviais. O que significa menos gás carbônico na atmosfera, menos efeito estufa e que o setor é a maior oportunidade (Etanol e Bioeletricidade) para que o Brasil seja a vanguarda mundial da nova economia, a Economia Verde!
Boa safra!