OPINIÃO - Gasolina na fogueira
Arnaldo Jardim
É de verdade a crise econômica que atinge toda a economia, digo isto pois o atual Governo Federal, na sua ilha da fantasia, parece se esquecer disto! A queda de investimentos é vertiginosa, as demissões cada dia mais comuns - culminando em um desemprego de quase 12 milhões de pessoas. O Brasil está derretendo.
O governo Dilma afirmou que seria necessário cortar gastos, aumentar impostos e ter rigorosa disciplina fiscal e orçamentaria para tirar o Brasil desta triste realidade. Eu acreditei e considero que o estrago causado pela desastrosa gestão somente seria – ou será – corrigido a partir de remédio amargo! Porém estabelece-se a incoerência, a presidente não ouviu o que ela mesma disse. Não atende ao que ela própria pediu.
Ao invés de segurar os gastos do governo federal para reverter o déficit presente de R$ 96,6 bilhões em 2016, tomou decisões que agravam o desequilíbrio.
Usou o ato de 1º de Maio em São Paulo para anunciar um reajuste de 9% no Bolsa Família. O próprio secretário do Tesouro Nacional, Otavio Ladeira, paradoxalmente, já tinha dito que a disponibilidade de recursos no orçamento não permitia um reajuste. A proposta de contratação de mais 25 mil moradias do "Minha Casa, Minha Vida -Entidades", com os movimentos do campo e das cidades, seria louvável em um momento viável. Mas a realidade é que os pagamentos dos projetos em execução estão atrasados! Os já anunciados sendo postergados.
Antecipam o anúncio do Plano Safra da agricultura familiar, afirmando garantir recursos tanto para o programa de aquisição de alimentos como para assistência técnica. Porém, seu próprio governo suspendeu o Censo Agropecuário de 2016 por falta de dinheiro e anuncia projeto de lei ao Congresso Nacional para corrigir a tabela do Imposto Renda da Pessoa Física em 5% a partir de janeiro de 2017.
Esta agonia de fim de festa levou a presidente a renunciar de sua alegada racionalidade?
Quem pensa de forma mais ampla, quem tem compromisso com o País, sabe que essas medidas que podem parecer positivas à primeira vista, são um tiro no pé. Quem vai pagar a conta é o contribuinte, que já vê o seu emprego e seu salário desaparecerem devido ao descontrole da política econômica.
Um espetáculo nefasto de busca da manutenção do poder a qualquer custo, de surdez à voz das ruas e de indiferença com o futuro.
Dilma tem se agarrado a uma parte dos movimentos sociais como o náufrago a uma tábua de salvação. Amplia o corporativismo, estimula as “soluções magicas” e artificiais, nem de longe cogita em reformular os programas sociais. Mas quanto mais se apoia nessa tábua, mais afunda os próprios segmentos que a tem defendido. Qual pode ser o futuro de programas sociais em um país sem dinheiro?
Uma presidência que, definitivamente, abdica de governar para todos e privilegia relações partidárias à um custo altíssimo para o País.
Como será possível transferir renda aos mais necessitados se não há, veja só, esta renda? Por qual motivo sobrecarregar o Estado com medidas impossíveis de serem realizadas dentro da realidade atual brasileira? É desespero, é falta de compromisso com o desenvolvimento de nossa nação, é crueldade com nossas perspectivas.
É preciso apagar esta postura incendiária antes que o povo brasileiro saia chamuscado e o País seja reduzido a cinzas.