OPINIÃO - O Brasil desempregado

04/04/2016

Arnaldo Jardim

A taxa de desemprego de 8,2% em fevereiro é a maior para o mês desde 2009. Em relação a fevereiro de 2015 (5,8%), a taxa subiu 2,4 pontos percentuais. É também a maior variação desde 2009. É o maior avanço anual para o mês de fevereiro de toda a série histórica iniciada em março de 2002, ou seja está grave mas pode ficar pior!

A população empregada era de 22,55 milhões, 1,9% menos que no mês anterior. Isso significa 428 mil pessoas a menos com emprego. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir das seis regiões metropolitanas estudadas na Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

O levantamento feito há 36 anos apura os números do desemprego em 211 mil domicílios de 3.464 municípios em todo o País. Mas é vital lembrar que não são apenas números, são cidadãos e cidadãs de importantes centros urbanos como Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

O desemprego aumentou 3,4 pontos percentuais na capital pernambucana, de 7% para 10,4%. De 6,1% para 9,3% em São Paulo. Em BH, de 4,9% para 7,2%. De 10,8% para 12,6% na capital baiana. De 4,7% para 6,4% em Porto Alegre e, no Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas deste ano, de 4,2% para 5,2%.

Quando lemos as notícias de uma taxa tão alta, estamos sentindo a tristeza no rosto dos e das chefes de família do Brasil todo. Estamos diante da impotência de quem precisa continuar pagando suas contas, mas não consegue gerar renda. Estamos percebendo o sentimento de exclusão de uma sociedade economicamente ativa, que valoriza o trabalho.

A taxa de desemprego sobe enquanto a autoestima do brasileiro desempregado vai ao chão. É o reflexo de uma triste ironia: o País governado pelo Partido dos Trabalhadores não tem trabalho. Andando pelas ruas e prestando atenção a elas, a sensação é de que nos perdemos no calendário.

Os dias úteis parecem domingo, tamanha a quantidade de pessoas que perambulam pelas ruas, se afligem dentro das casas. Esforçam-se na busca de uma colocação no mercado de trabalho, mas não há vagas.

 São jovens que muitas vezes ainda nem começaram sua carreira profissional e já veem seus sonhos se tornarem uma realidade nem tão brilhante. Adultos que já tiveram empregos e podem, mais do que ninguém, aferir o quanto faz falta um salário fixo.

Ainda segundo o IBGE, a massa de rendimento médio real habitual das pessoas ocupadas em fevereiro deste ano foi estimada em R$ 50,8 bilhões, resultado 3,4% abaixo da estimada em janeiro. Na comparação anual, essa estimativa recuou 11,2%.

Soma-se a isso o fato de que, também em fevereiro, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi estimado em R$ 2.227,50. Isso representa uma queda de 1,5% em relação a janeiro, que foi de 2.262,51. Quando comparado com fevereiro de 2015, quando era de R$ 2.407,53, o rendimento cai 7,5%.

Isso quer dizer preocupação e frustração até mesmo para quem está empregado - e tem se dedicado cada dia mais para se manter no posto porque sabe que as contas não vão parar de bater à porta. Mas, mesmo com uma renda menor, o brasileiro e a brasileira mantêm a raça, a garra e a vontade de trabalhar.

São pessoas que todos os dias desempenham tarefas essenciais até agora. Mas com um quadro econômico, político e ético desfavorável, qual a certeza que eles têm de que não serão os próximos a entrar para a estatística do IBGE? São consequências de um modelo econômico que ofuscou o combate à inflação, comprometeu os fundamentos da estabilidade, deixar de assegurar a segurança jurídica dos contratos, inibir as parcerias público privadas e nos levou à falta de investimentos, desaquecimento e consequentemente desemprego!

É preciso acreditar em um futuro melhor. É preciso carteiras assinadas preenchendo essas mãos vazias. Mas isto só se conseguirá com um novo governo!