Oriente Médio

24/05/2021

Paz impossível

Dinheiro, prestígio e poder

Infelizmente não há no horizonte nada que permita uma paz duradoura para o chamado ‘Oriente Médio’ (nome que por si só mostra a manipulação da região pelas potências ocidentais, sempre segundo seus interesses econômicos) exceto se houver uma intervenção internacional isenta de compromissos políticos, o que é impossível. Apesar de todas as conversas tolas dos EUA, União Européia, ONU e a bisbilhotice da imprensa nacional e estrangeira, repito, não é possível paz duradoura para por fim ao conflito árabe-israelense ou seu diminutivo israelo-palestino. Só tolos e míopes enxergam o conflito como uma coisa regional, ou por um viés ainda mais reducionista, como um conflito causado pela falta de água e de terras férteis. Se fosse só isso, seria fácil acabar com o conflito. Esse conflito tem razões históricas muito antigas que começaram antes da Bíblia ser escrita. Não nego que a falta de água, ou se quiserem, a luta pelos recursos hídricos exista. Não sou tão cego assim. Porém, poderia somar a essa desculpa para o mais recente conflito israelo-palestino ou árabeisraelense pelo menos mais dez razões para esse confronto; poderíamos pedir ao judeu Sílvio Santos para fazer um Show do Milhão só sobre as razões superficiais para essa troca de cadáveres entre Israel e a AUTORIDADE NACIONAL PALESTINA (ANP). Meu querido leitor, não pense você que neste pequeno rascunho de artigo vou defender um dos dois lados. Se isto ocorrer só tenho uma resposta: a minha incapacidade de me expressar. Assumir um dos dois lados se você não é judeu ou árabe trata-se de uma bobagem. É preciso imparcialidade para que possamos enxergar o conflito o mais próximo possível da verdade, e assim poderemos sonhar que um dia haverá paz (ainda que esse dia esteja muito distante...). Por que não haverá paz-duradoura no ‘Oriente Médio’ nos próximos anos? Simplesmente porque a guerra interessa às potências que pretendem ou já controlam a região ou ainda porque os povos capazes de impedir a continuidade da guerra são, como sempre, negligentes. Dito isso vamos a tentativa de explicar porque a guerra infelizmente ainda vai durar muito. Os judeus – referindo-me a eles genericamente, pois aqui não interessa a divisão que há entre eles – não querem aceitar a volta dos palestinos que estão refugiados em vários países do mundo, pois perderiam o poder sobre os territórios ‘ocupados’ ou ‘devolvidos’, conforme o gosto do leitor. Além disso, existe a divisão de Jerusalém, cuja parte velha é reivindicada pela ANP para ser capital do futuro Estado palestino. Os palestinos – também não vou dividi-los pelo mesmo motivo que não dividi os judeus – não querem aceitar a diminuição do seu território e obviamente não aceitam ser governados pelos israelenses. O Primeiro Ministro de Israel se esconde atrás do discurso de que está combatendo o terrorismo (palestino) – que realmente existe e é estúpido – para continuar aumentando o tamanho dos assentamentos israelenses. Mais do que isso, sua força política aumenta quanto mais ele diz estar protegendo o judeu israelense dos ataques palestinos. Como político precisa permanecer no poder para sua própria autoestima. A ANP que também faz política precisa manter-se no poder e, por isso, não quer combater o terrorismo (palestino) caso contrário passaria a ideia de estar servindo de instrumento dos israelenses e assim sua declaração antiterrorista seria falsa. A ONU é uma bela fachada para os interesses americanos, e quando não o é, os dirigentes europeus não sabem o que fazer ou pior, ficam com a velha política dos ‘panos quentes’ que é tão burra que permitiu a ascensão de Hitler e a eclosão da II Grande Guerra. Desta maneira, a União Europeia é água com açúcar e não vai impor uma paz duradoura na região em conflito. A Rússia, que já foi a temida URSS, seria a única potência capaz (fora os EUA) de impor a paz na região. Porém isso só seria possível se ela ainda fosse a URSS inimiga dos EUA, pois se a União Soviética existisse o governo israelense e os EUA não invadiriam ‘tranquilamente’ a Palestina. A Rússia de hoje está mais interessada em produzir conflitos que deem problemas para o governo estadunidense do que ajudar na solução dos problemas. Quanto aos países do ‘Oriente Médio’, precisaríamos do espaço de vários livros para explicar a posição geopolítica de cada um deles no conflito, porém, podemos dizer sucintamente que árabes, sírios, persas, curdos e outros ainda que se ligam por meio da religião islâmica apesar desse elo. Apesar desse elo os países da região têm interesses conflitantes entre si e para alguns deles os ‘árabe-palestinos’ são um grande problema e como exemplo dessa afirmação podemos citar o caso da Jordânia, que já massacrou os irmãos palestinos no famoso ‘Setembro Negro’. Ao contrário do que as pessoas pensam, os árabes não são unidos e podemos exemplificar outros conflitos nos quais os palestinos apanharam dos egípcios, dos libaneses, etc... É claro que cada país árabe joga segundo seus próprios interesses. Não fosse assim, 160 milhões de árabes já teriam vencido aos 6 milhões de judeus. Para os judeus, o território significa a vitória sobre as perseguições sofridas desde os tempos imemoriais. Os israelenses não existem enquanto povo antes da criação pela ONU (EUA e URSS) do Estado de Israel, mas, passaram a existir como tal na luta contra as perseguições (exemplo: a perseguição de Hitler) e a luta contra os árabes. Os árabes (que hoje podemos chamar de árabes palestinos) e que moram na Palestina não constituíam um povo, mas passaram a constituirse enquanto tal a partir do momento em que o sofrimento de perder territórios e a luta contra os judeus os uniu. Aqui está a maior razão para a não existência da paz. Os dois povos que não existiam (judeu-israelense e árabe-palestino) estão em formação e precisam da guerra para se afirmarem. Logo, judeu-israelense é aquele que luta contra as perseguições e árabe-palestino é aquele que luta para não perder a pátria palestina.

É uma questão de identidade nacional.

*O artigo continua daqui a quinze dias para não cansar o leitor(a).

Autor: Egydio Neves Neto.