Outra crise

11/10/2021

O brasileiro deveria ser estudado pela NASA, diz acertadamente um aplicativo chamado ‘tik tok’. É surpreendente a capacidade de resiliência do brasileiro ‘comum’ (médico, advogado, professor e pequenos comerciantes) de sobreviver às crises que nos são impostas pela economia mundial ou pelos erros cometidos por grandes economistas encastelados na administração pública do Brasil.

Cada desempregado que cria uma microempresa é um herói, e ainda os que se sujeitam a qualquer ‘bico’ para levar dinheiro pra casa.

Os aposentados, cuja pensão não é corrigida pela inflação, que são obrigados a continuar trabalhando merecem todo o nosso respeito. As pessoas iguais à mim, os chamados velhos, conheceram neste país pelo menos nove grandes crises, que de alguma forma afetaram a economia. Primeiro dos seus pais e depois delas mesmas.

Lembro-me, com muita dor, das crises de 1981 e 1982 causadas pelo preço do barril do petróleo e pela incompetência do ministro da economia Delfim Neto.

 

Mas, afinal, o que é uma crise?

Existem algumas respostas econômicas para isso, por exemplo, que uma crise faz parte do sistema capitalista que, de tempos em tempos, produz mercadorias em excesso às quais a população comum não é capaz de comprar. É a chamada superprodução.

Um comunista chamado Karl Marx chegou a dizer: ‘de crise em crise o sistema chegaria a crise final do capitalismo’. Nada mais errado, pois, dá-se justamente o contrário, a cada crise o sistema fica mais forte e supera a crise em menor tempo.

A palavra ‘crise’, segundo os especialistas, vem do grego e significa peneira, mostrando que, nesses momentos os maus empreendedores, no sentido de pouco competitivos, são expulsos do mercado, ficando apenas os grandes jogadores do mercado. Então fica claro que as crises são necessárias, pois, é nesse momento que se formam grandes fortunas, daí não é necessário temer as crises, mas sim

entendê-las, como fazem brilhantemente os economistas, que chegam a prever, colocando inclusive data para a ocorrência do evento. Foi o caso da crise de 2008, que foi predita em 1998, o problema reside aí: quando se está num momento de crescimento econômico e um matemático diz que o próximo momento é de crise, os tolos o chamam de pessimista, os inteligentes preparam-se para a próxima crise especulando na bolsa de valores, e quando chega a desdita embolsam grandes quantidades de dinheiro. E, assim, funciona o sistema, se estamos num momento ruim da economia, é evidente que virá o momento de ‘boom’ econômico, e o contrário também é verdade.

É desta maneira que pensam os economistas, tentando adivinhar quanto tempo ficaremos em auge econômico ou quanto tempo vai durar uma crise. A resposta matemática à essa pergunta, permite a solução do problema.

Há alguns tipos matemáticos de crise, por exemplo a crise em ‘V’, muito comum nos EUA. Lá a onda vem com toda força, arrebenta os mercados mas por causa da crença no sistema capitalista tomam-se medidas que colocam fim à crise em pouco tempo.

A crise em ‘U’, comum na Europa, começa devagar, fica algum tempo no pior momento e a recuperação é lenta.

No Brasil, como não podia deixar de ser, a crise é em ‘L’. Desce para o pior momento rapidamente e fica na decadência por muito tempo, no entanto o conhecimento do tipo de crise que nos assola permite ao player ganhar dinheiro evidentemente com o conhecimento administrativo de uma crise, ou, pior as falas de um(a) presidente podem assustar o mercado que reage aumentando a crise para derrubar o(a) presidente.

Foi o que aconteceu após o economista da Dilma, Guido Mantega fazer na economia uma série de burrices (comunistas) que levaram os mais importantes jornais econômicos do mundo pedir a queda da Dilma.

Fazendo uma relação com a famosa crise de 29, que levou o mundo à grande depressão dos anos 30, torna-se mais fácil entender os ciclos da economia e achar as soluções.

Os EUA estavam num grande auge econômico (é aí, no melhor momento, que nasce a crise) pois havia vencido a primeira grande guerra e estava recuperando a economia européia, portanto os empresários norte-americanos fizeram grandes investimentos em tecnologia para produzir mais e quando a Europa recuperada deixou de comprar os produtos estadunidenses e o mercado norte-americano não foi capaz de absorver o excesso de produção instalou-se a crise que ficou visível na quebra da bolsa.

O dólar perdeu 50% do seu valor de compra, 14 milhões de pessoas perderam o emprego e o PIB perdeu 50 bilhões de dólares. É a crise em ‘V’ mas, como é óbvio, os EUA tomaram medidas que puseram fim à crise. Isto veremos no próximo artigo, pois a maneira de sair da crise assustou o mundo todo e trouxe consequências políticas que até hoje nos atingem apenas para provocar uma reflexão: os EUA, a pátria do liberalismo, saiu da crise tomando medidas que lembram a intervenção do Estado na economia.

 

Autor: Egydio Neves Neto