POLÊMICA - Pedido protocolado na Câmara exige que vereador seja investigado por pedido de licença
Eddie Nascimento
O cenário político de Sertãozinho vive uma nova polêmica. Nessa semana, o Jornal Agora Sertãozinho e Região recebeu com exclusividade um documento assinado e protocolado junto à Câmara Municipal de Sertãozinho, em nome de João Batista de Camargo Júnior. Coronel Camargo, como é popularmente conhecido, é secretário de Segurança da Prefeitura Municipal de Sertãozinho. No documento, porém, Camargo assina como "cidadão comum" e não como secretário. A carta destinada ao presidente da Câmara de Vereadores de Sertãozinho, Silvio Blancacco, pede que sejam tomadas providências regimentais rigorosas contra o vereador Antônio Cesar Peghini (PMDB), Cesinha.
O motivo desse pedido de investigação seria a solicitação de licença pedida através do requerimento 338/16 solicitada pelo vereador Cesinha. O requerimento foi lido e aprovado por todos os vereadores presentes na sessão de segunda-feira, 11 de abril. No documento, Cesinha pede, nos termos do disposto do artigo 13, inciso IV, do Regimento Interno da Casa de Leis, licença no dia 11 de abril quando estaria desempenhando missão de interesse do Município. De acordo com o regimento interno da Câmara, no parágrafo Único, o vereador que pede licença nesse inciso recebe a remuneração normalmente. A polêmica, porém, segundo documento redigido por João Batista de Camargo, é que o vereador teria supostamente usado a licença para promover um churrasco em sua residência.
No documento, Coronel Camargo cita que "dias antes o próprio edil havia confidenciado a alguns GCMs que não iria participar da referida sessão, uma vez que já havia assumido um compromisso (churrasco em sua residência) com a cúpula regional da Polícia Militar", cita.
Ainda de acordo com o documento, o "fato acabou se confirmando, pois, além das provas testemunhais, existem ainda as provas técnicas, por meio de imagens captadas pelas câmeras de monitoramento existentes no entorno do quartel da Polícia Militar e de vizinhos do citado vereador", revela. O documento ainda cita que "o próprio vereador exibiu em sua página do Facebook um texto, contendo fotos do referido churrasco, onde corroborou com a existência do fato".
Ainda de acordo com Camargo, "o episódio trouxe extrema indignação aos guardas civis municipais, principalmente pelo fato do vereador Cesinha ter usado de artifícios 'mentirosos' para se ausentar da sessão que abordou um tema de extrema relevância a toda a Corporação".
O documento pede ainda que diante da gravidade dos fatos seja feita uma apuração rigorosa, "uma vez que o edil acabou induzindo a presidência e os nobres companheiros de legislativo a erro, ao permitirem que um vereador, de forma fraudulenta, faltasse à sessão para participar de 'churrasco de confraternização', sob a justificativa de que 'estaria desempenhando missão de interesse do município".
O vereador Antônio Cesar Peghini (PMDB) se defendeu das alegações feitas no documento. Segundo Cesinha, o pedido de licença foi feito porque já havia uma audiência agendada entre ele e o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB/SP) para o dia 11 de abril em Pirassununga. "Nós fizemos a solicitação do ofício para desempenhar missão de interesse do município, haja vista que tínhamos uma audiência marcada para o dia 11 de abril em Pirassununga com o deputado federal Nelson Marquezelli, para tratarmos de assuntos referentes ao município e também especificamente para liberação dos recursos orçamentários da União que solicitamos ao mesmo, na ordem de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) destinados à compra de novas viaturas para a Guarda Civil Municipal. Essa audiência já estava marcada com antecedência junto ao deputado”, explicou Cesinha.
De acordo com o vereador, o encontro aconteceu no período da tarde. Um documento entregue a nossa equipe comprova a autenticidade do encontro.
Questionado sobre quando retornou a Sertãozinho, o vereador revelou que teria voltado por volta das 20h, onde realizou um churrasco de confraternização com membros da Polícia Militar. "O encontro aconteceu na parte da tarde. E retornei para minha residência aproximadamente pelas 20h”, revela Cesinha.
O JA questionou se, pelo regimento interno da Câmara Municipal, a licença para desempenhar missão de interesse do município se restringe somente ao horário em que acontecem as sessões, ou ele é válido para o dia todo. Segundo Cesinha, não. “Não. Quando é feito o ofício para desempenharmos missão de interesse do município, ele é válido para o dia todo, considerando que não se tem um horário de retorno, mesmo porque se for uma viagem para São Paulo e precisarmos pernoitar, o ofício fica sendo válido para o dia todo", explica.
Sobre o churrasco feito em sua residência, no mesmo dia do encontro com o deputado Nelson Marquezelli, Cesinha disse ter confidenciado para alguns amigos sobre a realização da confraternização. Sendo assim, o fato apresentado no documento de João Batista de Camargo Júnior de que “dias antes o próprio edil havia confidenciado a alguns GCMs que não iria participar da referida sessão, uma vez que já havia assumido um compromisso (churrasco em sua residência) com a cúpula regional da Polícia Militar", se confirma. “Com certeza absoluta devo ter comentado a alguns amigos que teria esta confraternização em minha residência, mas como já disse antes de tudo, iria cumprir o meu compromisso (e minha obrigação), que era a audiência de extrema importância, que tratava da liberação de um grande recurso para nossa cidade", ressaltou o vereador.
Questionado se estaria sendo perseguido, o vereador não se esquivou da resposta. "Não digo perseguido, mas isso pode ser reflexo das cobranças que tenho feito como vereador por consequência da péssima gestão do secretário municipal de Segurança, que tem um salário de 12 mil reais mensais e há três anos presta um péssimo serviço junto a nossa população, não tendo trabalhos ou projetos fortes para combater a criminalidade e o tráfico de drogas junto aos demais órgãos competentes de nossa cidade. Eu, como vereador, venho combatendo junto à Câmara Municipal essa falta de compromisso deste cidadão, o secretário João Batista de Camargo Júnior. O mesmo já entrou com vários processos contra mim por não concordar com minha opinião e, principalmente, porque, no dia 11 de abril, data que estivemos juntos ao deputado, conseguimos a liberação desta verba no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para troca de praticamente todas as viaturas da GCM. E, ele, em três anos à frente da secretaria municipal de Segurança, não teve a competência de trazer R$ 1,00 (um real) sequer para a nossa valorosa Guarda Civil Municipal. Talvez seja por isso que o mesmo, ao invés de combater a criminalidade no nosso município, perde seu precioso tempo para tentar denegrir a imagem de um político que há 12 anos está prestando um trabalho sério, determinado, sem nenhuma mancha política ou pessoal na sua vida", enfatizou Peghini.
O vereador Antônio Cesar Peghini já prepara sua defesa. Segundo ele, na próxima segunda-feira, será entregue toda a documentação que comprova sua ida ao encontro do deputado federal Nelson Marquezelli, além de extratos e e-mails. “Na segunda-feira estaremos entregando toda a nossa documentação, confirmando que realmente nós estivemos no dia 11 em audiência com o deputado Nelson Marquezelli, em Pirassununga, junto à Câmara Municipal e, logo após, também juntaremos todos os documentos para o nosso advogado para podermos entrar com ação junto ao Ministério Público por calúnia e difamação contra o senhor João Batista de Camargo Júnior, que, diga-se de passagem, hoje possui um cargo político e de comissão junto à prefeitura municipal, exercendo o cargo de secretário de Segurança, onde o mesmo, por não concordar com as inúmeras vezes que demonstrei no plenário da Câmara a insatisfação da população sertanezina do alto índice de criminalidade em nosso município, já entrou com vários processos contra este vereador", finaliza.