POLÊMICA - Vereador quer proibir a cantiga “Atirei o pau no gato” nas escolas municipais

05/10/2015

Fernando Laurenti

O vereador protocolou na Casa de Leis do município um projeto que dispõe sobre a proibição do ensino da cantiga “Atirei o pau no gato” em escolas da rede pública municipal de Sertãozinho.

A ideia, segundo o vereador, surgiu após uma conversa com uma das defensoras dos animais, a senhora “Maria Vira-lata”. Maria é conhecida como protetora dos animais e tem trabalhos desenvolvidos na cidade de proteção aos bichinhos.

O assunto ganhou espaço na mídia regional, inclusive em programas de televisão ridicularizando o conteúdo da matéria apresentada na cidade de Sertãozinho.

‘Atrapalhado’ disse em entrevistas aos canais de televisão que, quando era criança, cantava essa música e que nunca maltratou nenhum animal.

O projeto precisa dos pareceres das comissões dos senhores vereadores para poder ser colocado em pauta, mas, pelo visto, o assunto vai ser muito debatido nos bastidores e dificilmente vai entrar em pauta.

O presidente da Câmara Municipal de Sertãozinho, Silvio Blancacco, mostrou-se irritado e indignado com a propositura do colega e disse em entrevista que existem coisas muito mais sérias para serem discutidas na Casa de Leis e não assuntos que ridicularizam os políticos.

O vereador Silvio, presidente do Poder Legislativo sertanezino, entende que assuntos como a crise e a falta de emprego na cidade são assuntos muito mais importantes no momento.

“Se for levar ao pé da letra, nós vamos ter que proibir o “Neguinho do Pastoreiro”, “Saci Pererê” e “O boi da cara preta”. Eu acho que a cidade de Sertãozinho é muito grande e não merece ter na Câmara Municipal uma discussão dessa natureza. Têm coisas muito mais importantes, como por exemplo, a queda de arrecadação do município e a crise que assola a nossa comunidade. Será que não cantando a música vai mudar alguma coisa na formação das crianças em relação ao conceito de maltratar ou não os animais? Vamos lidar com mais seriedade com as coisas. Eu acho que não é assunto para ser discutido no plenário na atual conjuntura”, falou Silvio Blancacco.

A nossa repórter Lena Aguilar foi às ruas ouvir a opinião do povo.

O auxiliar administrativo, Thitrry dos Santos, de 18 anos: “Fiquei sabendo do projeto, mas não tem fundamento. Não vejo violência nisso”.

“Quando eu era criança, cantei muito esta música. Para mim sem problema, não influencia. Para mim não tem nada ver”, comenta o jardineiro de 23 anos, Leonardo da Silva Souza.

Para Maine Stefane da Silva, 18 anos, auxiliar administrativo, aponta que a música influencia, sim, as crianças, e que deveria tirar esta canção nas escolas municipais. “Relacionada à cantiga, acredito que influencia, sim, pois as crianças já nascem superdesenvolvidas, elas já entendem tudo. E isso acrescenta muito à agressividade das crianças. Esta música atrapalha o desenvolvimento das crianças”.

“Sobre a cantiga “atirei o pau no gato, eu acho que deve mudar a forma de cantar nas escolas municipais e ficar a versão “Não atire o pau no gato”, por causa da violência com os animais”, finaliza a dona de casa Elizete Ferreira da Silva, 21 anos.

O propositor da matéria na Câmara Municipal proibindo a cantiga “Atirei o pau no gato” disse que a ideia de apresentar o projeto veio após uma conversa dele (Atrapalhado) com a protetora de animais “Maria Vira-lata”.

A reportagem do Jornal Agora foi ouvir a defensora dos animais.

 

Jornal Agora pergunta:

 

A protetora de animais conhecida como Maria Vira-lata, 52 anos, mora na Rua Vagner Bisson, na Cohab 2. E disse que comentou, sim, a situação dos animais, com o vereador Rogério Magrini, por causa de maus tratos .

“Eu já presenciei, sim, na minha rua, crianças maltratando os animais fora da creche. Em relação à música “Não atira o pau no gato”, eu acho que a música é ótima. É só uma música, não tem nada mascarando isso. Agora, a outra versão “Atirei o pau no gato” sou contra. E isso pode até não influenciar, em termos, mas estou cansada de ver notícias na internet por maus tratos dos animais”, explica a protetora de animais Maria Vira-lata.

Rogério Magrini dos Santos, o vereador do PTB, foi o mais votado na última eleição em Sertãozinho. Apelidado de “Zezinho Atrapalhado”, está em sua quinta legislatura, com cinco mandatos. Essa não é a primeira vez que Magrini lança uma ideia que pudesse abalar as estruturas da Câmara Municipal. Em outras oportunidades, quando o então vereador Antônio Davi travou uma disputa de ideias com o parlamentar, Magrini apresentou um projeto para que fosse construído em Sertãozinho um metrô - isso gerou muita confusão e discussão. Se não bastasse, veio a propositura da colocação de brincos nos “orelhões” - telefones públicos do município - e ainda a ideia de construção de uma praia artificial em meio aos canaviais - essa vingou. Hoje Sertãozinho tem a sua “prainha” de água doce.

Rogério Magrini está sempre agitando o meio político. Quando menos se espera, aí vem ele com uma das suas ideias.

Parece que o político está mesmo procurando holofotes. Até hoje tem dado certo, mas a pergunta que se faz: até quando vai dar certo esta estratégia do vereador atrapalhado?  

“Eu represento o povo. Em conversa com uma senhora conhecida como “Maria Vira-lata “, ela me disse que perto da casa dela, bem em frente, tem uma creche e uma escola do ensino infantil. Ela cansou de ver ensinar a música “O pau no gato”. E crianças depois, o gato escapa, e atira o pau no gato de verdade, por que aprendeu com a música.

Não é só na creche, mas da escolinha infantil também. Eu, quando era criança, até aprendi essa música, mais nunca maltratei nenhum animal porque eu tinha medo deles” comentou Rogério Magrini.

Em relação às criticas, o vereador se diz tranquilo e acha que cada um defende aquilo que entende importante. “Cada um tem uma interpretação diferente do outro. Eu respeito todas a ideias e gostaria que respeitassem a minha, porque é um projeto sério , Não tem brincadeira nisso, vai evitar de fazer alusão a agressões aos gatos, não vão ficar pensando em atirar o pau no gato” disse Zezinho Atrapalhado.

A secretária de Educação, professora Otavia Assumpção, disse desconhecer qualquer tipo de denúncia que venha de encontro às colocações de que alunos agridem animais por conta da música “atirou o pau no gato”

“As crianças da pré-escola e das creches são os pais que as trazem e as buscam. Então eu nem acredito que essa denúncia do vereador proceda. Acho na verdade uma bobagem tão grande que é bom nem levar em conta, tamanho absurdo”, disse Otávia.