Por quanto tempo deve ser feita a reposição hormonal?
Essa é uma dúvida bastante comum, inclusive no meio médico...
E para entendermos de fato por quanto tempo a reposição deve ser feita, precisamos compreender a complexa rede que compõe o sistema hormonal e as alterações que ele sofre ao longo do tempo.
O processo de envelhecimento traz consigo uma série de alterações fisiológicas. Entre elas, o declínio hormonal.
Apenas para citar, alguns hormônios, como estrogênio, progesterona e testosterona, começam a ser produzidos em quantidades menores por volta dos 35-40 anos, desencadeando uma série de alterações físicas e psicológicas no organismo de homens e mulheres, que vão desde pequenas mudanças de humor até alterações no metabolismo e na composição corporal.
Esse cenário cria um substrato propício para o surgimento de diversas complicações e declínios em várias funções corporais, que, por sua vez, podem impactar significativamente a qualidade de vida e facilitar o desenvolvimento de doenças que chamamos popularmente de doenças da idade.
Contudo, para além da idade ou da genética, o estilo de vida também é um fator crucial de impacto no sistema hormonal, cujas consequências podem ser experimentadas em pessoas jovens.
Quando somatizados e duradouros os hábitos pouco saudáveis e o contato com fatores ambientais insalubres, todo organismo pode ser afetado e desencadear a redução ou deficiência dos mais variados hormônios.
Como exemplos...
As telas às quais vivemos expostos atualmente são potentíssimas para impedir a produção e liberação de metalonina e impactar, por conseguinte, no cortisol.
A falta de exposição ao sol faz cair os níveis de hormônio D...
A alimentação inflamatória afeta a produção de hormônios tireoidianos...
E por aí vai!
Daí a necessidade de adequação do estilo de vida, mas também da reposição hormonal, que é uma estratégia para minimizar os sintomas associados ao declínio natural e restabelecer o equilíbrio do meio interno, proporcionando melhores condições de saúde e maior qualidade em todas as fases da vida.
Então, voltamos à questão: Essa reposição vai ser feita por quanto tempo?
Gostaria de ter uma resposta singular, mas, por razões óbvias, não temos! Cada paciente é único e, por isso, sofre declínios e variações únicas em seus níveis hormonais. Assim como os fatores idade, gênero, genética, doenças preexistentes e, especialmente, os hábitos fazem toda a diferença de uma pessoa para a outra. Pense apenas em uma questão “simples”. Cada hormônio atua a partir de um receptor específico em nossas células, e a quantidade, qualidade e localização desses receptores são distintas em cada um de nós. Ou seja, o declínio de um mesmo hormônio pode se manifestar em momentos distintos e de maneiras diversas em cada paciente. A necessidade de reposição de um dado hormônio será específica e o tempo de resultado da terapia
naquele organismo também… Aliás, esse é mais um problema dos “hormônios sintéticos”: não há como fazer essa individualização tão fundamental, principalmente da dose! De toda forma, o consenso atual, baseado em evidências, é de que a reposição hormonal deve ser feita com hormônios bioidênticos, em doses estritamente fisiológicas, pelo menor tempo necessário para reequilibrar os níveis e melhorar a qualidade de vida. Não existe fórmula mágica ou receita pronta! É preciso realmente entender de hormônios, de fisiologia e estar capacitado para a mais completa avaliação clínica.