Professora é condenada a indenizar aluna negra de dez anos após dizer que cabelos dela cheiravam mal
Caso aconteceu em 2023 durante aula da 3ª série do Ensino Fundamental em escola de Sertãozinho, SP. Unidade de ensino também foi condenada, lamentou episódio e negou qualquer prática discriminatória.
Justiça condena escola de Sertãozinho a indenizar família de aluna que sofreu racismo
A Justiça condenou uma professora do ensino fundamental e uma escola particular em Sertãozinho (SP) a indenizarem uma estudante negra de dez anos, vítima de racismo em sala de aula. Segundo a denúncia, após cheirar os cabelos da criança diante da classe, a docente afirmou que ela estava cheirando mal.
A declaração causou constrangimento à estudante e ainda levou os colegas a zombarem dela.
Cabe recurso da decisão. Em nota, a Escola Quarup, que também representa a professora, lamentou profundamente o episódio e negou a prática de qualquer ato de discriminação racial por seu corpo docente.
Discriminação em sala de aula
O caso aconteceu em junho de 2023, quando a criança frequentava a 3ª série. Segundo o boletim de ocorrência, durante a aula, a professora Lucélia Aparecida Angelotti começou a reclamar de um cheiro ruim na sala e passou de carteira em carteira cheirando as cabeças dos alunos.
Ao passar pela estudante, a professora perguntou se ela usava algum produto químico, já que o odor estava lhe causando alergia. A criança respondeu que havia passado creme.
Ainda de acordo com o depoimento da menina, a professora chamou três funcionárias para que também cheirassem os cabelos dela, e todas responderam que não sentiram nada.
A menina contou que ficou envergonhada e chorou porque os colegas começaram a fazer piadas após a fala da professora.
A mãe da estudante informou à polícia que a escola não comunicou o episódio. Ela soube do caso pela mãe de uma colega da filha, que lhe deu carona na volta para casa.
Ação na Justiça
A família da criança moveu uma ação por dano moral contra a professora e a escola. A mãe alegou que a filha foi submetida a uma situação humilhante e discriminatória, que lhe causou intenso sofrimento emocional e que afetou sua autoestima e desempenho escolar.
Após o episódio, a menina pediu para mudar de escola.
Em suas defesas, a escola e a professora informaram que não houve qualquer ato discriminatório ou violento, mas um mal-entendido.
As defesas alegaram que o procedimento adotado pela professora não teve intenção de constranger ou humilhar a estudante, mas que ela buscou identificar o cheiro, de forma discreta e com o intuito de zelar pela higiene e saúde dos alunos, em conformidade com o ambiente escolar.
Apesar de negar qualquer prática de preconceito, a professora chegou a ser afastada na época.
"Fonte: G1 Ribeirão e Franca"