Professora Ernesta Sicchieri Volpe

27/05/2024

AMÉRICO PERIN

 

“Era 1914 e, naquele tempo, mesmo em Sertãozinho, ainda fazia frio no outono de maio. Foi quando ela nasceu em meio a toda expectativa que ronda o primeiro filho de um casal. Se houve decepção por ser uma mulher, não se registrou, e, se houve, durou pouco. Seja porque logo nasceu um irmão varão, ou seja, porque ela se criou como uma perfeita herdeira das qualidades do pai. E como ele a amava! Era com ela que ia aos bailes, era ela que exibia como um troféu. Imponentes, belos, os dois.

O nome pouco usual, Ernesta, dado em homenagem, teria sido motivo de bullying na escola – prática bastante velada na época. Mas como poderia soar estranho em meio a Deoclecianas, Hércules, Jacintos, Hermelindas, Otavianas, Napoleões, Escolásticas?

Já hoje, para quem a conheceu, seu nome é sinônimo de pioneirismo, força, retidão, caridade, educação, elegância e longevidade. Ter vivido plenamente 99 anos fez dela um exemplo e uma presença que a morte não apagou.

Cento e dez anos depois, temos o privilégio de celebrar nossa vida junto dela.”

(Maria das Graças Nunes) – Gracinha, sua filha mais nova.

 

A longevidade que alguns nossos semelhantes alcançam com muita saúde física e fantástica capacidade de memória e raciocínio não raro nos fascina.

Pessoas que aos 90 ou mais anos ainda caminham com passo firme e opinam com lucidez, sobre os fatos cotidianos atuais, são exemplos do resultado da boa genética ajudada por uma vida regrada, exercícios físicos adequados e boa alimentação.

A cabeça não pode ficar presa ao passado ou se deter em lamentações por algum percalço surgido no meio do caminho. Exercícios constantes de memória e a busca constante de atualização são ingredientes que não podem faltar para uma terceira idade feliz.

E numa deferência especial, como sempre digo, se levados em conta os nove meses de sua gestação, nossa professora subiu aos céus aos 100 anos justos. Como tudo nela sempre foi justo.

Em 18 próximo passado, mais uma vez levantamos vivas ao exemplo de vida da Professora Ernesta Sicchieri Volpe.

Essa mulher metódica, inteligente e dona de uma beleza que só aos sábios é dada, continua até hoje sendo a firme, porém amorosa matriarca da sua família.

Os anos passaram e a pequenina Ernesta foi crescendo junto com sua cidade querida. Acompanhava tudo e torcia pelo progresso que nunca acabou de chegar a esta terra de empreendedores competentes. A cada nova indústria, mais uma alegria que ela sempre fez questão de comemorar. Novos bairros, novas avenidas que contrastam com as ruas poeirentas por onde ela passava quando jovem. Tudo é motivo para uma nova alegria e muitos comentários felizes. Feliz porque sua cidade progride: “- Américo, soube que em tal lugar está saindo um novo bairro, vamos até lá conhecer?”

Impressionante o ritmo de vida e os cuidados sempre alertas para com a cidade dela, que sempre foi dela, A SEGUNDA VEREADORA ELEITA DE SERTÃOZINHO! Professora competente, fundadora de várias entidades sociais sertanezinas, política atuante na sua fase de vereança, católica fervorosa e CIDADÃ BENEMÉRITA reconhecida pelo título que lhe foi outorgado pela nossa Câmara Municipal.

Parabéns, minha sogra. Obrigado por tudo que nos ensinou, pois essa foi a sua vocação de mãe, avó, bisavó e sogra respeitada e amada.

Saudade dos nossos sábados, quando, sentados na varanda, nos preparávamos para o almoço enquanto saboreávamos um “aperitivozinho”: “só um pouquinho, viu Américo?!”