Reajuste do salário mínimo aquece a economia

02/05/2023

Prudência, essa é a regra. A notícia do reajuste do salário mínimo já desperta nas pessoas a curiosidade sobre o que será possível consumir com a diferença. A orientação ainda é a mesma: planejamento. O aumento é pequeno se considerarmos valores absolutos, mas é significativo dentro do contexto da economia. O novo salário mínimo em 2023 será de R$ 1.320, um reajuste de R$ 18 em relação ao valor anterior.  O aumento será o segundo reajuste do ano, já que o valor subiu de R$ 1.212 para R$ 1.302 em janeiro.  O governo prevê assinar o decreto no Dia do Trabalhador, um aumento em torno de R$ 5 bilhões nas despesas.

Caso confirmado, o reajuste garantirá um aumento real de 2,8% em 2023. O valor do salário mínimo tem reflexos em diversas áreas, como aposentadorias, benefícios do INSS, contratações com carteira assinada, abono salarial e seguro-desemprego. O reajuste considera a inflação, mais a média do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos cinco anos anteriores e que foi aprovado pelo Congresso Nacional no final de dezembro do ano passado.

O valor do salário mínimo é anualmente revisto para preservar o poder aquisitivo e garantir a sobrevivência financeira dos trabalhadores. A maneira como o valor é calculado mudou nos últimos anos. Até 2019, por exemplo, dois fatores eram levados em consideração: o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), ambos do ano anterior ao reajuste. A partir de 2020, no entanto, passou a ser reajustado apenas com base na inflação, sem levar em consideração o crescimento da economia. O aumento real do salário mínimo acontece, em resumo, quando o ganho dos trabalhadores está acima da inflação do período, garantindo que haja um ganho no poder de compra, e não uma mera manutenção da remuneração. Isso pode ter um impacto positivo significativo na qualidade de vida dos trabalhadores de baixa renda e ajudar a reduzir a pobreza e a desigualdade social.

De qualquer forma, o maior impacto sempre é pelo aumento da atividade econômica, gerando mais circulação do dinheiro, emprego e renda pelo aumento da produção. Nas mais recentes crises de desabastecimento, o argumento sempre foi esse: o excesso de demanda! Raríssimos comentários foram coerentes em apontar a falta de oferta como o maior fator de desequilíbrio da atividade econômica. Falta coerência. Falta política produtiva que garanta condições iguais para todos os agentes. Falta ação econômica de governo, cumprindo seu papel de agente fiscalizador, distribuidor e alocador de recursos.

Enquanto isso, continuaremos ouvindo as mesmas justificativas: o preço aumentou porque muita gente está procurando o produto (demanda alta). A culpa é do cliente, que não tem sempre razão. Neste caso, ele insiste em querer usufruir de seu esforço e gastar seu dinheiro comprando aquilo que atende suas necessidades ou então cabe ao cliente fazer valer a sua força, seu poder de compra e direcionar seu dinheiro para outros produtos e serviços, substitutos dos tradicionais, obrigando o famigerado mercado a reduzir seus preços.

 

 

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em Administração, professor da Unip/RP e da Fatec Sertãozinho (www.vestibularfatec.com.br).