Redes sociais: aliadas ou vilãs da sociedade?
Em tempos digitais, onde tudo o que é (ou se/me/lhe) parece belo está estampado em redes sociais de várias formas, principalmente com imagens (acompanhadas de textos ou não), frases que demonstram felicidade, cumplicidade, amor, carinho, entre tantos outros sentimentos bons e/ou maravilhosos (dependendo do ponto de vista de cada um), vivenciados pelo ser humano, muitas vezes várias pessoas que estão do outro lado da tela refletem, indagam e, às vezes, comentam, a respeito das referidas publicações, frases como:
“Ah, a felicidade é vivida somente por fulano ou sicrano”.
“Ah, o fulano é feliz porque tem dinheiro e não tem preocupação com contas e horas de trabalho a serem cumpridas”.
“O sicrano é exibido e quer mostrar tudo o que faz, compra e até onde está naquele exato momento”.
“Diante de tudo que vejo nas redes sociais, percebo que sou pobre e que minha vida é sem graça.”
As frases elencadas acima já foram escutadas por mim e acredito que por muitas outras pessoas ao longo dos últimos anos.
Diante disso e da fase de reflexões que estão afloradas em meu ser, me pergunto e lhe proponho algumas reflexões:
- Os pensamentos e indagações que permeiam as mentes de muitas pessoas, em relação ao que veem publicado nas famosas redes sociais que estão dominando o mundo, podem contribuir para a tristeza momentânea do ser humano que acompanha referidas publicações e não se sente parte de algo parecido?
- Podem contribuir para o desânimo, para a depressão ou a sensação de incapacidade, devido a tudo que acompanha nas redes sociais e que lhes parece perfeito, diferente da realidade em que vive?
São tantas indagações em relação às postagens dos seres humanos (muitas delas vazias de conteúdos que possibilitem aprendizados – não em todos os casos) que ficaríamos horas, mesmo não sendo profissional da área de saúde mental, discorrendo sobre tal assunto, que tem contribuído para que muitas pessoas dediquem boa parte de um único dia para acompanhar tais publicações, além do tempo despendido também por aqueles que postam seu cotidiano diário, entre outras “informações” pessoais.
Mas será que a vida real, que não é mostrada/publicada, que inclui desafios pessoais, familiares, profissionais, além de dificuldades normais do dia a dia, está aquela perfeição toda, que foi e é demonstrada nas publicações? E precisa estar perfeita e totalmente sob controle?
Claro que todo ser humano (ou a maioria) – e me incluo nessa – quer sempre mostrar para o (s) outro (s) o que há de melhor em si e no seus entes queridos, incluindo não somente a beleza física, como outros atributos, dentre eles os profissionais, esportivos, intelectuais, porém, fazer disso um compromisso diário para com seus “amigos” (ou seguidores), mostrando cada passo que se dá durante as 24 horas do dia, seria saudável para si mesmo?
Será que vale a pena a dedicação e todo o tempo investido (ou seria gasto) por ambas as partes: o leitor/espectador e o produtor do conteúdo digital? Neste caso, não me refiro ao profissional da área, que obtém seu sustento utilizando-se dos referidos meios para laborar de forma honesta e com aquilo que sabe fazer.
Será que estamos “gastando” nosso tempo de forma saudável para conosco e também para com aqueles que amamos e que estão ao nosso lado no dia a dia ou até usando do tempo (ou pouco tempo livre) para aprender, evoluir pessoalmente, intelectualmente e espiritualmente?
Concluo esse texto propondo uma reflexão sobre o uso dessas tecnologias poderosas e instigantes da era digital, que podem ser nossas aliadas, mas, se não soubermos dosar, podem ser vilãs também.