REVOLTA - Ocupação pela educação
Lena Aguilar
Eddie Nascimento
Desde a manha de terça-feira, 24, aproximadamente 100 alunos do Ensino Médio ocuparam as dependências da Escola Estadual Bruno Pieroni, no bairro Jardim Sumaré. Este corpo discente revindica o não fechamento desta unidade escolar, perante as tomadas de decisão do Governo do Estado de São Paulo quanto ao processo de reorganização de ensino nos municípios. O ‘Bruno Pieroni’ atende 417 alunos de Ensino Médio e é uma das 93 escolas do estado que serão fechadas em 2016.
Nesta semana, 150 escolas do estado estavam ocupadas por alunos em protesto.
E, na manhã da última quinta-feira, dia 26, a Escola Estadual Ferrucio Chiarati também foi ocupada por manifestantes.
O objetivo desta reorganização é obter uma escola mais preparada para atender as demandas de cada etapa escolar e que atenda à nova realidade de cada faixa etária. Essa é a proposta da nova organização da rede estadual de ensino paulista, a maior da América Latina, anunciada pelo secretário da Educação, professor Herman Voorwald.
“A Educação em São Paulo está uma vergonha”, comentou o secretário à mídia nacional.
Com foco na melhoria da qualidade de ensino das escolas de São Paulo, o novo processo pretende ampliar o número de escolas divididas pelos três ciclos de educação: Ensino Infantil, Ensino Fundamental - Anos Iniciais e Anos Finais - e Ensino Médio. Com a nova proposta, os alunos do Ensino Médio, por exemplo, passarão a estudar apenas com estudantes deste segmento. O mesmo vale para os alunos dos ensinos Infantil e Fundamental.
Independente da visão da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, os alunos da E. E. Bruno Pieroni e E.E. Ferucio Chiarati resistem à mudança e se revoltaram gerando indignação, por isso, o motivo da ocupação.
Neste ato civil, eles contam com o apoio da UPES (União Paulista dos Estudantes Secularistas) e representantes de entidades culturais do município. E para que o movimento ocorresse de forma pacífica, a Polícia Militar esteve no local no primeiro dia da ocupação e registrou Boletim de Ocorrência.
“Os alunos devem fazer uma manifestação pacífica em relação a esta ocupação que está em andamento por tempo indeterminado. E vale ressaltar que não pode haver danos ao patrimônio público. Estamos lavrando o Boletim de Ocorrência junto a Diretora desta escola”, disse o PM Castilho.
Uma das alunas que representa o Grêmio Estudantil, Karen Danielle, e uma integrante da UPES, Gabriele Valpeti, explicaram os objetivos desta ocupação.
“Estamos em fase de ocupação da escola a fim de tentar reverter está situação do não fechamento do ‘Bruno Pieroni’. A nossa voz não está sendo ouvida, nem pela dirigente da escola e nem pelo secretário de Educação do Estado, sendo que já fizemos de tudo. Usamos de todos os trâmites e até o momento restou utilizar do ato de ocupação. Isso é que está aumentando nossa indignação. Até agora não temos previsão de quando iremos terminar está ocupação. Sentimos que estamos sendo prejudicados, tivemos que parar nossa rotina escolar para chamar a atenção do governo”, informa a aluna do 3º ano, representante do grêmio estudantil, Karen Danielle.
“A UPES vem para orientar os alunos e articular os diálogos no intuito de esclarecer os objetivos aos estudantes. Esta ocupação vem com propósitos de respostas ao não fechamento da escola, pois os alunos vão sair prejudicados, caso esta escola venha a fechar. Quem deve explicação é o governo. Até o momento não há diálogo entre secretário de estado e a dirigente regional de ensino, por isso, a ocupação”, explica Gabriele.
O Coletivo Usiarte (uma oganização não governamental) também foi acionado para amenizar os esforços e elaborou junto aos agentes comunitários culturais uma programação sociocultural para os alunos nesta ocupação escolar, que está com tempo indeterminado para o término e gerando muita indignação.
“Fomos procurados pela UPES para dar uma força sociocultural aos alunos nesta fase de ocupação. Portanto, realizamos uma programação bem diversificada”, comenta integrante do Coletivo Usiarte, André Magalhães.
A dirigente regional de Ensino, Cassia Furtado, informou que o processo de reorganização no município de Sertãozinho envolve seis escolas que estarão atendendo no ano de 2016 e a proposta até o momento é a seguinte: E. E. "Winston Churchill" - Ensino Médio; E. E. "Profª Nícia Fabíola Zanuto Giraldi" - Ensino Fundamental; E. E. "Ferrucio Chiaratti" - Ensino Fundamental; E. E. "Profª Maria Conceição Rodrigues Silva Magon" - Ensino Médio; E. E. "Anna Passamonti Balardin" - Ensino Fundamental; E. E. "Profº Bruno Pieroni" - prédio a ser disponibilizado para funcionamento de uma ETEC (Escola Técnica Estadual).
Em relação à ocupação que ocorreu nesta última semana na E. E. "Profº Bruno Pieroni", a dirigente e uma equipe da diretoria de Ensino estiveram na escola no dia 25 de novembro, dialogando com os alunos, tentando agendar uma reunião para ontem, 27, por volta do meio dia, que seria realizada na Escola Estadual “Bruno Pieroni” com Conselho de Escola, Associação de Pais e Mestres (APM) e Grêmio Estudantil. A reunião acabou não acontecendo pelo fato dos ocupantes não terem permitido a entrada da dirigente Regional de Ensino, a diretora Cassia Furtado.
Quando todos imaginavam que poderia nesta reunião sair uma pauta de revindicação ao Estado, no fim ficou tudo na estaca zero.
Manifestantes gritavam palavras de ordem: “Não tem arrego, você tira a minha escola e eu tiro seu sossego”.
Na verdade ficou claro que os manifestantes só querem uma solução - o não fechamento da Escola Estadual “Bruno Pieroni”.
Mas pelo visto parece ser uma situação irreversível, pelo fato que a Secretaria Estadual de Educação já teria decidido o fechamento desta escola.