Rouba, mas faz

06/02/2023

Quantas vezes isso já foi dito pelo Brasil...

Dizer isso traz consolo? Desculpa por não ter melhor candidato para votar?...

Os integrantes do governo, responsáveis pelas autorizações à liberação de verbas para as grandes obras cobravam, em governos anteriores, 17% de propina! Isso é documentado, inclusive deixando às claras os nomes dos corruptos.

Nenhum deles foi para a prisão ou permaneceu nela por muito tempo. Todos, porém ficaram riquíssimos, enquanto as cidades sem rede de esgotos (os Romanos da antiguidade já tinham), água potável, enfim o básico, nunca foram preocupação dos corruptos.

Até nos dias de hoje, a linda Baía da Guanabara sofre com o despejo de toda sorte de detritos. E quantas outras cidades brasileiras, várias até importantes, ainda fazem suas populações inalarem o cheiro pútrido das águas dos rios que as atravessam...

As diversas diferenças regionais de um Brasil de extensão tão grande seriam, talvez, fruto da falta de comunicação entre elas? Mesmo nos tempos modernos? Lembro-me de um jargão muito usado pelo presidente Washington Luiz: “governar é abrir estradas”!

A formação da “nação” brasileira, a mim até hoje não parece ter acontecido na sua integralidade.

Enquanto vemos regiões do país bem desenvolvidas, temos outras ainda muito pobres, carentes, crônicas de boas escolas e bons hospitais.

Em 1881, foi criada a Lei Saraiva, que permitiu, pela primeira vez, a eleição direta, embora para alguns cargos legislativos. Ainda aí ficaram de fora os negros, as mulheres, os mulatos, os pobres e os analfabetos. Mas, de qualquer forma, já tivemos dado um grande passo para um tênue início do fim do absolutismo dos reis.

Hoje, basta o brasileiro ter mais de 16 anos para poder decidir os destinos de um povo todo, com seu voto. Mas ninguém se preocupou de antes dar-lhe formação e informação corretas, criar nele senso crítico.

Num absurdo incrível, vê-se que alguns candidatos pessimamente preparados ainda são eleitos, os mesmos repetindo discursos de muitos anos atrás. Não se renovam, não se atualizam e... ganham as eleições.

Lembro de ter lido em algum lugar que, na sua volta a Portugal, D. Pedro I, debruçado na amurada do navio, ouviu um de seus ministros reclamar dizendo que não sabia como iria sobreviver na volta, pois estava quebrado financeiramente. A isso, D. Pedro teria dito: “por que não roubaste, como fez o Ministro das Finanças? Veja como é cômoda agora sua posição de abastada fortuna"...

 

Considerações finais:

1- O valor de 17% de propina exigida para que “a papelada do requerente andasse” já era cobrado no tempo de D. João VI e isso era do conhecimento do Rei. Contudo, nessa época, o Brasil deu um grande salto, tanto em economia como no modo de viver do povo, apesar do rombo deixado no caixa brasileiro, quando a corte voltou para Portugal.

2- Pergunta: o absolutismo dos reis acabou deveras? Lembrando que eles faziam as leis, as interpretavam e as executavam...

3- E, por fim, o beija-mãos, cerimônia tão usada na época do Império, quando nobres, clero e povo em fila beijavam as mãos sujas daqueles reis que não as lavavam. Eu tenho a impressão que só mudou o tipo de sujeira de certas mãos...

4- Ah, os governantes daquela época também deixavam suas barbas crescerem.