Selic pressiona o agronegócio e cria ambiente incerto

Selic pressiona o agronegócio e cria ambiente incerto para o Plano Safra 2025/26
10/03/2025

Inflação e preço dos alimentos também pressionam setor e rentabilidade dos produtores rurais

Os primeiros meses do ano demonstram que 2025 será de desafios ao agronegócio. O veto presidencial ao seguro rural, a pressão da União Europeia sobre exportações brasileiras e a suspensão das linhas de crédito do Plano Safra 2024/25 são alguns exemplos do cenário econômico que se apresenta para a agropecuária no Brasil.

Dentre vários desafios, há também a taxa Selic, atualmente em 13,25%, com projeção de chegar aos 15% até o final do ano, tendo ainda uma inflação estimada em 5,5%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. O percentual atual, tanto da taxa básica quanto da expectativa de inflação, pressiona o governo federal para as discussões do Plano Safra 2025/26 e gera incertezas ao setor.

As linhas diferenciadas do Plano Safra oferecem taxas de juros de 8% a 12% para custeio e investimentos na produção, dependendo do enquadramento – enquanto a Selic está em 13,25%. Conforme a taxa de juro básica sobe, são necessários mais recursos orçamentários para a equalização das taxas do crédito rural.

Além dos fatores citados acima, os preços dos alimentos ao consumidor somam-se também a um quadro desafiador ao agronegócio, que apesar de contribuir com praticamente 25% do PIB nacional, sofre influência de diversas formas e distintos atores, internos e externos.

Vale ressaltar que atualmente uma parcela reduzida do crédito rural conta com juros diferenciados, mas as linhas equalizadas são particularmente importantes para pequenos e médios produtores. E a preocupação não fica restrita apenas aos produtores, mas também aos segmentos que dependem de capital intensivo, como o mercado de máquinas agrícolas.

Para Cláudio Brisolara, gerente do Departamento Técnico e Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), a atual taxa de juros leva ao encarecimento dos subsídios que garantem juros reduzidos, criando um ambiente de arrocho ao produtor rural para o financiamento das operações de custeio e investimento.

O presidente do Sistema Faesp/Senar-SP, Tirso Meirelles, enfatiza que “os desafios econômicos e o ambiente internacional exigem que sejamos vigilantes, para continuar entregando um agronegócio robusto, sustentável e que preza pela segurança alimentar. Portanto, o plano de negócio necessita ser revisto sistematicamente.”

“A Faesp estará atenta às demandas do setor e continuará dialogando com empresas e o poder público para que sejam revistas discrepâncias econômicas e cobranças injustas aos produtores rurais”, afirma.

 

https://faespsenar.com.br/