STF enquadra homofobia na lei de racismo

21/06/2019

Por 8 votos a 3, STF aprova uso de leis de racismo para punir homofobia

 

Por 8 votos a 3, o STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou na noite da última quinta-feira (13) utilizar a Lei do Racismo para punir homotransfobia -- discriminação contra homossexuais e transexuais.

A decisão começa a valer uma semana após a publicação da ata do julgamento, o que só deve ocorrer no fim do mês.

Trata-se de uma decisão provisória: o texto aprovado diz que a decisão de hoje vale enquanto o Congresso cria leis específicas para o tema - e não há previsão para que isso aconteça

Os ministros entenderam que a Lei Nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, também deve ser aplicada a quem praticar condutas discriminatórias homofóbicas e transfóbicas.

 

Votaram por criminalizar a homofobia:

 

  1. Cármen Lúcia
  2. Celso de Mello
  3. Luis Edson Fachin
  4. Luís Roberto Barroso
  5. Alexandre de Moraes
  6. Rosa Weber
  7. Luiz Fux
  8. Gilmar Mendes

 

Ao votar pela criminalização da homofobia, os ministros citaram sobretudo a violência de que gays, lésbicas e transgêneros são vítimas no país.

"Não há como negar a jurisdição a todos a quem foi negado às vezes o direito à vida, na maioria das vezes o direito à liberdade e à dignidade, pela ausência

de uma legislação ainda 30 anos depois do início de vigência dessa Constituição"

 

Votaram contra:

 

  1. Ricardo Lewandowski
  2. Marco Aurélio
  3. Dias Toffoli

 

Os três ministros, ao votarem contra o uso das legislações antirracismo para a homofobia, deram argumento técnico: disseram que não cabe ao STF legislar, e que a competência é do Legislativo.

Nenhum deles negou que haja violência contra LGBTs no país.

 

Setores religiosos se queixaram

 

Desde que o assunto começou a ser julgado, em fevereiro, entidades religiosas e parlamentares da bancada evangélica argumentam que a Corte não deveria assumir uma atribuição que é do Parlamento.

Eles também alegam que a criminalização da homofobia poderia colocar em risco a liberdade de culto no país, já vez que algumas religiões defendem, por exemplo, que a homossexualidade é um pecado.