Um confronto difícil

18/03/2024

É uma disputa acirrada. Eu me arrisco em dizer que até desleal. De um lado, crianças seduzidas – ou seriam abduzidas – por equipamentos eletrônicos de todos os tipos: aparelho celular, tablet, relógio inteligente, assistente virtual, como a Alexa, e muitos outros.

De outro lado, os pais, ora clamando, ora brigando, para que os filhos, especialmente os que estão na fase pré-adolescente, desliguem tais aparelhos e voltem para o mundo real.

Hoje em dia, é quase unânime que pelo menos uma pessoa dentro de uma casa tenha acesso ao chamado smartphone, ou seja, aparelho celular que possui diversas tecnologias atreladas à internet. Tal item, que permite que nos conectemos com o mundo em questão de segundos, facilitando a vida do ser humano em diversas situações, inclusive de trabalho, tem sido o vilão de muitas famílias. E me incluo nessa seara.

O aparelho móvel (celular), que no início chegou para promover o contato via telefone de forma mais rápida e em diferentes locais, foi ganhando cada vez mais tecnologia e conquistando de forma veloz os seres humanos, já que foram criados mecanismos que, até duas décadas atrás, jamais imaginávamos que seriam possíveis, como pagar contas, por exemplo, sem ter que ir a uma instituição bancária pessoalmente ou fazer uma transferência de dinheiro, deitada no sofá de casa ou quem sabe até passeando, usando apenas a palma das mãos.

Quando um dia, há pouco menos de 20 anos, um conhecido comentou comigo que tal ato seria possível, duvidei e pensei: “esse ser está ficando louco”. Não, a pessoa não estava blefando. Ela só teve uma intuição do que estava por vir em relação às tecnologias digitais. E acertou em cheio!

Pois bem, há alguns anos já temos na palma das mãos acesso a muito mais do que a nossa conta bancária. Além de fazer transações financeiras com o celular, podemos comprar produtos, viagens, pesquisar sobre variados assuntos, assistir conteúdos televisivos e muitas outras coisas.

Com incontáveis facilidades promovidas pela internet, nossas crianças, que já nasceram na era digital, e devido à pandemia da COVID-19 tiveram que ter contato com celulares e tablets para assistirem às aulas escolares de forma on-line, estão querendo ficar cada vez mais ligadas a tais aparelhos.

É aí que acontecem os dissabores diários, os desgastes emocionais, já que os pais e/ou responsáveis precisam ficar atentos e por vezes até brigando para controlar o tempo de uso dos referidos itens, bem como saber o que eles veem através dos aparelhos.

É oportuno mencionar que muitos desses aparelhos celulares possuem variadas formas de controle pelos pais, para que saibam o que as crianças acessam e como supervisionar o tempo de uso diário, entre outras funções com o objetivo de vigilância. Porém, ainda assim, temos que ficar atentos, para que nossos filhos não sejam vítimas de crimes digitais, que infelizmente são tão comuns nesse meio.

 

É cansativo, é chato, por vezes pensamos em desistir, mas não podemos. Nossas crianças ainda não têm maturidade para serem deixadas à vontade com esses aparelhos nas mãos. Nossa missão, é mostrar aos nossos filhos que o tempo dedicado aos eletrônicos deve ser bem menor do que eles gostariam, e sempre sob a supervisão de um adulto.

Eles vão ficar bravos, chorar, espernear que querem ficar mais um pouquinho vendo um vídeo, por exemplo, ou concluindo um joguinho, mas penso que temos que conversar e explicar os perigos que podem ser encontrados na internet, para que protejamos nossos pequenos, além de verificar o que estão vendo e fazendo com esses aparelhos, que são muito bonitos, instigam a curiosidade, inclusive dos adultos, mas que precisam ser usados pelos pequenos sob constante vigilância. É nosso dever proteger nossas crianças.

 

Por: Tatiane Cristina Pereira Guidoni Gimenez

Jornalista – MTB: 47.966