Um dia, a casa cai...
Américo Perin
O ambiente de trabalho - e dentro do próprio lar - deve ser tranquilo. Há que se ter, no caso de, em se tratando dos colaboradores do trabalho, a possibilidade de um bom desempenho das suas funções. Algumas pessoas têm um comportamento exagerado ao falar e até no modo de se movimentar, que incomodam todos ao seu redor. Seria isso consequência de uma ansiedade ou não tratada ou mal tratada?
Com os recursos de medicina disponíveis, é inadmissível que nos dias de hoje essa possa ser a causa. É verdade que fatores diversos influenciam para este tipo de inconveniente. Alguns definem, de forma taxativa, que o problema se resume à educação, bom senso, senso crítico, “berço” e respeito. No entanto, na opinião de outros, não é tão simples assim, pois há fatores emocionais e psicológicos a serem considerados, como o fato de algumas pessoas, na tentativa de intimidar seus ouvintes, falem alto e com isso tentem distrair a atenção dos mais desatentos, envolvendo-os numa aura de suposta autoridade que disfarça seus problemas pessoais.
Constata-se que outros usam a voz alta como estratégia para fazer a comunicação a todos os presentes, mesmo estando bem próximo das pessoas com que supostamente eles desejam conversar. Falam a uma altura exagerada de modo que tenham certeza que todos estão ouvindo. Não importará se estão trabalhando, se perderão a concentração ou se, simplesmente, não querem ouvir. Eles falarão tudo e a todo o tempo, até se sentirem satisfeitos. Diante disso, entende-se que, além de tudo, há também desrespeito, falta de educação e menosprezo à inteligência das pessoas.
Também há, vale registrar, aqueles que entendem que falar em voz alta pode promover marketing pessoal, pois concluem que podem divulgar aos presentes a execução de suas tarefas, as suas ocupações e, ainda, que podem “tocar trombeta” daquilo que, para eles, é motivo de mérito próprio. Com frequência, descobre-se que muitos que conseguiram fazer crer serem ótimos profissionais, por ficar o tempo todo fazendo barulho, correndo, gritando e chamando a atenção de todos para o que estão fazendo, na verdade, não eram tão bons, fizeram-se parecer bons, mas, admita-se: a intensidade do áudio nunca deve ser referência para se medir a capacidade profissional de ninguém.
Conta-se de um pai que, conversando com o seu filho, de repente ouviu um som, que identificou ser de uma carroça, mas ele enfatizou que se tratava de uma carroça vazia, mesmo não a vendo. Seu filho, curioso, perguntou como ele identificou o fato de a carroça estar vazia somente por ouvi-la. Foi quando seu pai explicou que ele conhecia carroças vazias pelo som que produziam, pois faziam muito barulho quando estavam em movimento. Desta ilustração, pode-se inferir que muitas pessoas que fazem muito barulho, o fazem porque estão vazias de conhecimento e precisam de autoafirmação, autoestima e carecem de reconhecimento da sua realização pessoal. O que essas pessoas não consideram é o fato de que a solução não está em obrigar os presentes a ouvi-los, tentando tirar deles o direito de escolha, o seu senso crítico. Evitemos os nossos estresses provocados por ruídos constantes e procuremos proporcionar a nós mesmos e a outros um ambiente de trabalho saudável, onde possamos analisar com inteligência e tranquilidade o que ocorre à nossa volta.